RAPIDINHAS

Ponte Estaiada – Construção de sentidos para São Paulo

Atendendo a pedidos, esta semana escrevo um texto baseado na palestra “Ponte Estaiada: construção de sentidos para São Paulo”, que foi realizada ontem na 1ª Jornada do Patrimônio. Na próxima semana retomaremos a Série Avenida Paulista.

O que podemos dizer de uma ponte que, além de seu nome oficial Ponte Octavio Frias de Oliveira, recebeu vários outros codinomes da população? Foi chamada de Ponte Estragada, Estilingão, Bridge Globeleza, Ponte Frias, Ponte “X” da Xuxa e, finalmente, apenas Ponte Estaiada, como é chamada até hoje.

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Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira. Foto: Carlos Alkmin

Inaugurada em 10 de maio de 2008, já tem muita história para contar. A Ponte Estaiada, além de servir como transposição de automóveis de um lado para outro da Marginal Pinheiros, tem nela mesma impregnada uma estética simbólica e comunicacional que lhe proporcionam alta visibilidade na cidade.

Com sua rede amarela, formada pelo mastro de 138 metros de altura e seus 144 estais amarelos, mostra uma teia de discursos e ações sincréticas que foi construída por meio de diferentes tipos de linguagens, como a urbanística, arquitetônica, estética, midiática, mercadológica e social. Por meio delas foram produzidos sentidos e manifestações que tornaram a Ponte Estaiada singular e emblemática da cidade de São Paulo. Veja reportagem veiculada no Jornal Nacional, no dia 10 de maio de 2008, sobre sua inauguração:

O engenheiro Catão Francisco Ribeiro, responsável pelo projeto de engenharia da Ponte Estaiada disse que:

“o projeto das vias e do mastro estaiado em X foi uma inovação mundial e, por seus cálculos aprimorados, ganhou prêmios internacionais e se transformou em um elemento turístico dentro da cidade”.

Mais que a questão do emblema turístico, muitos relatos e comunicações aparecem em vários meios de comunicação e uma multiplicidade de ações midiáticas e de uma série de eventos já ocorreram em suas pistas, todos eles mostram que a ponte mudou a visualidade dessa região e o seu sentido simbólico para a população.

A Ponte Estaiada aparece em capas de revistas, guias e CDs, comerciais e anúncios publicitários, logotipos de instituições. Abaixo vemos o ícone que representa a cidade de São Paulo no Foursquare, selo comemorativo de Pontes, a capa do CD do AHA, o logotipo do Rotary Ponte Estaiada, capa do filme Planeta dos Macacos – a Origem, e 3 revistas sobre São Paulo.

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Nas artes temos muitas manifestações em que a ponte aparece. Ela motivou vários quadros como os dos artistas plásticos Fernando Naviskas e Lobo Popart, além de ter sido cenário, antes de sua inauguração, do filme Ensaio sobre a cegueira, de Fernando Meirelles.

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Aparece também no clipe da música Sambas Urbanos, de Rodrigo Pitta, além de ter sido palco de desfiles de moda Elle Summer Preview e local de uma intervenção urbana do artista Eduardo Srur, na qual uma carruagem foi colocada em seu mastro com o objetivo de discutir a mobilidade em São Paulo.

Apresenta também muitas outras iniciativas inusitadas de grupos e cidadãos, como por exemplo a dança na época do Harlem Shack, a modelo que posa nua, a passeata que mudou o nome da ponte para Vladimir Herzog, a dupla fantasiada de Batman e Homem-Aranha, do movimento Loucos pela Paz, que fez rapel na ponte, e o rap “Ponte Estaiada vs Real Parque”, do rapper Marcelo Bbox.

Sem falar nas diversas aparições na programação da Rede Globo de Televisão, que por coincidência (ou não!!!) tem sua sede paulista na frente da Ponte Estaiada, ao lado da Avenida Jornalista Roberto Marinho (quem é este Sr. mesmo?). A Ponte Estaiada aparece no jornalismo paulista, como no SPTV, nas novelas como Passione, Guerra dos Sexos, I love Paraisópolis,  nos programas de auditórios, como no Desafio do Faustão, em que o paraquedista Sabiá saltou do Topo da ponte, entre muitos outros.  E não só a Rede Globo, também a Rede Gazeta fez sua vinheta com a Ponte Estaiada.

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Todas essas ações mostram facetas desta cidade controversa que é São Paulo, descortinando essa rede emblemática formada pela Ponte Estaiada, que ao mesmo tempo que se impõe na visão aérea da cidade e, diariamente, invade milhares de residências paulistanas no telejornal diário SPTV também é palco de muitas manifestações da população, como a de junho de 2013.

Esses eventos demonstram os novos sentidos da ponte e os diferentes modos de se manifestar da população paulistana. As histórias diferentes, divertidas e emocionantes que a Ponte Estaiada tem para contar mostram uma cidade de todos e de ninguém, manipuladora, controversa e sensível. Uma cidade multifacetada e plural como é também sua população.

https://www.youtube.com/watch?v=M8-SPBxWuUs

Desse levantamento foi empreendida a análise das diversas ações em que a Ponte Estaiada aparece classificando-as conforme o tipo de objetivo e intenção de cada manifestação, mostrando uma Ponte Estaiada que simboliza São Paulo em suas várias vertentes.  Tudo isso foi lançado no livro Ponte Estaiada: construção de sentidos para São Paulo, de minha autoria, que foi publicado pela Editora Estação das Letras e Cores em dezembro de 2014.  Quem tiver interesse, o livro está disponível na loja do Projeto São Paulo City. E em comemoração a um ano de lançamento, garanto 30% de desconto nos dez primeiros livros.

Ponte livro - Ponte Estaiada - Construção de sentidos para São Paulo

E, se quiser acompanhar as ações que acontecem na ponte, a página Livro Ponte Estaiada no facebook atualiza os eventos e as comunicações que todos os dias são lançadas, como por exemplo o comercial de lançamento do Jeep Renegade e o o cartaz de Natal do Shopping Pátio Paulista. E, falando nisso, um ótimo Natal a todos e vamos atravessar juntos a ponte (estaiada) para o ano 2016.

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Foto: Carlos Alkmin
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Luciana Cotrim
the authorLuciana Cotrim
Paulistana até a alma, nasceu no Hospital Matarazzo, no coração de São Paulo. Passou parte da vida entre as festas da igreja Nossa Senhora Achiropita, os desfiles da Escola de Samba Vai-Vai e as baladas da 13 de maio no bairro da Bela Vista, para os mais íntimos, o Bixiga. Estudou no Sumaré, trabalhou na Berrini e hoje mora em Moema. Gosta de explorar a história e atualidades de São Paulo e escreveu um livro chamado “Ponte Estaiada – construção de sentidos para São Paulo” resultado de seu mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC. É consultora em planejamento de comunicação e professora de pós-graduação no Senac.

2 Comentários

  • Uma pena que um lindo Cartão Postal seja somente isso, uma ponte de extrema beleza arquitetônica onde só passam veículos particulares, onde nem pedestres nem ciclistas e nem coletivos poem chegar lá.

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