Garagem vertical é tão comum na cidade de São Paulo, por todos os lados, em shoppings, grandes lojas, no centro, eles passaram a ser parte da nossa rotina, mas, nem sempre foi assim.
Na década de 1950 havia muitos menos carros pelo país todo, do que hoje em dia, mas um empresário foi visionário, e já naquele tempo, notou que a cidade de São Paulo não teria vagas de estacionamento suficientes para tantos carros.
Em 1954 o edifício Garagem América foi inaugurado, ele foi o primeiro estacionamento vertical da cidade, e foi também o primeiro prédio a utilizar estruturas metálicas, o primeiro parque para estacionamento coletivo de grande proporção da capital.
O terreno e a visão de negócio foram de Francisco Cintra Gordinho, empresário da cidade que percebeu que a frota de veículos aumentaria muito, ele comprou um terreno nos fundos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, entre a Riachuelo e atual 23 de maio, próximo ao Vale do Anhangabaú. Um terreno irregular, o que fez total diferença no projeto.
O projeto é de Rino Levi, que atualmente tem, além dessa, mais 6 obras tombadas em São Paulo. A topografia do terreno não era boa, porém, possibilitava saída para duas ruas, e permitia também o uso de rampas, opção muito menos cara do que a instalação de elevadores para os carros.
Naquele tempo, a praxe para as construções era o uso de estruturas de concreto armado, porém, no caso do edifício Garagem América, haviam dois problemas, as dimensões das colunas do primeiro pavimento seriam tão grandes que não possibilitariam estacionar dois carros frente a frente, e dificultaria a entrada e saída. Segundo, era preciso escavar 18 metros abaixo na Rua Riachuelo para fazer as sapatas da fundação e isso colocaria o prédio vizinho em risco de desabamento.
Diante destes dois problemas, pela primeira vez no Brasil, considerou-se a utilização de fundação em estacas metálicas. Dois grandes nomes da época, Lauro Rios e Victor Mello, encontraram a solução de 2 perfis soldados pelas abas, formando um caixão, o que em 1954 era novidade total e absoluta e foi um grande desafio.
As estruturas metálicas foram fornecidas pela Companhia Siderúrgica Nacional, e os perfis foram feitos em liga especial, com alto teor de cobre, já que deveriam resistir as corrosões provenientes do contato direto com a terra.
O edifício Garagem América tem 500 vagas distribuídas em 15 andares, conta com sistema duplo de rampas, uma subir e outra para descer, sem cruzamentos. O oitavo andar da Rua 23 de Maio, corresponde a entrada da Rua Riachuelo. Neste andar há um espaço fechado, onde ficava o refeitório dos trabalhadores.
Em 2016, o edifício Garagem América foi tombado pelo CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, devido a sua importância na história da cidade e também por suas características arquitetônicas.
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