Projeto São Paulo City

Especial Dia das Mulheres – Feminismo em SP

Dia das Mulheres

Dia das mulheres chegando é um convite à reflexões sobre as condições da mulher.

A cidade de São Paulo, tão cheia de avanços culturais e tecnológicos, é uma cidade que pensa na mulher? Os espaços urbanos são preparados para elas? As leis garantem seus direitos?

Conversamos com Carla Vitória, integrante da “Marcha Mundial das Mulheres”, que é um movimento feminista organizado em mais de 50 países pelo globo. Para elas, o problema da desigualdade entre homens e mulheres não pode ser reparado sem que hajam profundas mudanças no sistema econômico do país. Por isso a luta feminista também é uma luta contra o capitalismo.

O movimento luta por questões como:

-Autonomia sobre o próprio corpo, através da legalização do aborto e da vivência de uma sexualidade livre;

-Contra o sistema heteronormativo (onde as regras são que homens e mulheres apenas se relacionem com o sexo oposto). Todas as formas de sexualidade devem ser respeitadas;

-Igualdade salarial e pela divisão igualitária do trabalho. E isso implica na ampliação do conceito de trabalho, já que as mulheres além de trabalhar fora, ainda se ocupam de todos os trabalhos e cuidados domésticos. Essas tarefas, que a sociedade ainda entende como sendo da mulher, podem e devem ser divididas.

foto: Ana Carolina Barros

Segundo Carla, em São Paulo, temos questões como a mobilidade urbana, a moradia e os espaços públicos, que afetam diretamente a vida das mulheres.

Quando falamos em mobilidade urbana, temos alguns pontos a serem levados em consideração. Grande parte das mulheres dependem desses transportes para trabalhar, levar seus filhos para a escola, muitas ainda estudam. “As mulheres pobres, principalmente as que vivem em periferia, passam muito tempo dentro do transporte público, transporte esse que não tem qualidade nenhuma e que é muito caro” – diz Carla. Além da má qualidade e o preço, as mulheres também sofrem muito assédio nesses lugares.

A moradia também é um problema que chama a atenção da Marcha Mundial das Mulheres. Com tantas mulheres chefiando suas famílias, o déficit habitacional junto com a especulação imobiliária acaba afetando diretamente suas vidas.

Quanto aos espaços públicos, a Marcha entende que a cidade não é organizada para as mulheres. Que o sistema capitalista patriarcal é organizado de uma forma em que as mulheres fiquem mais em lugares privados, enquanto os espaços públicos são voltados para os homens. “- A cidade não é organizada pra gente. Por isso que a gente tem medo de sair a noite nas ruas, por isso que os lugares públicos de trabalho e estudos não estão preparados para receberem mães. E isso você consegue desde exemplos grandes até exemplos pequenos, como a falta de fraldário no banheiro masculino.” – disse Carla, ressaltando que esse tipo de comportamento dá a entender que as mulheres são sempre as encarregadas dos cuidados com os filhos.

Foto: Elaine Campos

Uma das estratégias de luta da Marcha é mostrar que as ruas e as noites também são das mulheres. Por isso elas saem a noite fazendo intervenções artísticas em espaços públicos, para colocar na ordem do dia, os seus direitos.

No dia 08 de março, dia internacional das mulheres, a Marcha estará na rua. Elas sairão as 18:00hs do vão livre do Masp na Av. Paulista e farão uma  manifestação pela cidade. Esse ano os temas são a legalização do aborto e o reajuste fiscal. “-Entender o sistema econômico que a gente vive e lutar por uma distribuição mais igualitária das riquezas está completamente ligado ao feminismo.” – afirma Carla Vitória.

Como atividade preparatória, no domingo (06), as 14:00hs, a Marcha Mundial das Mulheres ocupará a Paulista aberta com uma batucada feminista, onde as integrantes se unem para criar palavras de ordem pela igualdade e se manifestam. O ensaio aberto é para todos que quiserem ir, assistir ou participar. Não precisa entender de música, elas trabalham com instrumentos reciclados, basta ter vontade de estar presente.

E para quem se interessou em saber mais sobre o movimento, segue os canais de contato:

www.facebook.com/marchamundialdasmulheresbrasil

www.marchamundialdasmulheres.org.br

www.flickr.com/photos/marchamulheres/

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