A periferia de São Paulo guarda lugares preciosos, desde praças, vilas, ruas de terra e construções históricas, até reservas indígenas e de mata atlântica. Imagine um lugar onde se é capaz de caminhar por uma trilha às margens de um córrego, passar por um túnel no meio da mata e chegar até uma fábrica, uma vila operária e uma Maria-Fumaça. tudo sem funcionamento e abandonado. Soa remoto e bucólico, não? Mas esse cenário está na periferia de São Paulo, a poucos metros da estação Perus, da linha 7-Rubi da CPTM.
Para quem gosta de explorar esses cantos longínquos, que ainda resistem ao passar do tempo e ao crescimento desenfreado da nossa metrópole, vale conhecer a Fábrica de Cimento Perus e o seu entorno.
O Surgimento da Fábrica.
A sua história começa em 1914, com a estrada de ferro Perus-Pirapora (EFPP) que, depois de construída, deixou o local atrativo para um grande investimento. Assim, dez anos mais tarde, nascia a fábrica, a primeira de grande porte do Brasil. A operação funcionava da seguinte maneira: a cal era fabricada em Cajamar e chegava a Perus por meio do trem Maria-Fumaça, na EFPP. Depois ia pra outros lugares da cidade nos trilhos da São Paulo Railway.
Todo o bairro de Perus se desenvolveu tendo como núcleo a fábrica, pois muitos migrantes e imigrantes vieram a São Paulo para trabalhar com o cimento e lá se instalaram. A fábrica foi responsável pela produção de milhares de toneladas de cimento que construíram grande parte do estado de São Paulo e ajudaram a edificar Brasília.
Só que a vida não foi tão fácil para esses trabalhadores. A partir da década de 50, quando o deputado federal José João Abdalla assumiu o controle, inúmeras greves aconteceram, na luta contra a precariedade das condições de trabalho, por melhores salários e direitos trabalhistas. Muitas conquistas foram obtidas por esses operários, que ficaram conhecidos como Queixadas, pela perseverança e união. Porém, essa tensa relação entre o Mau Patrão (como ficou conhecido Abdala) e os Queixadas levou ao fechamento da fábrica, na década de 80 e ao seu completo abandono. Hoje, o lugar começa a se transformar em ruína e sua história vai se apagando. Não há ninguém lá, exceto funcionários da família Abdalla, que cuidam da propriedade.
Quem quiser conhecer o local, pode passar na Comunidade Cultural Quilombaque, uma organização de iniciativa dos próprios Peruenses. A sede fica ao lado da estação do trem. Lá é possível pegar informações sobre o acesso e conhecer toda a luta que esses moradores vêm enfrentando para transformar o local em um centro de cultura e memória do trabalhador e universidade colaborativa. Uma atitude de resistência, para não jogar uma pá de cimento, como muitas vezes acontece, em um pedaço da história de São Paulo.
Via: Comunidade Cultural Quilombaque – www.comunidadequilombaque.blogspot.com.br e Movimento Fábrica Perus – www.movimentofabricaperus.wordpress.com
Marcos Vinicius…..
??
Bem que você poderia apresentar esse lado da cidade pra gente, o que acha ?
Tem muitas coisas legais aqui na região tem o parque da Anhanguera também é o pico do jaraguá , falta tempo
Conversaremos mais sobre o assunto….
Sim