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Esque(cimento) em Perus

Vista da Fábrica de Cimento Perus. © Daniel Foggiato
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Túnel de acesso à fábrica. ©Daniel Foggiato

A periferia de São Paulo guarda lugares preciosos, desde praças, vilas, ruas de terra e construções históricas, até reservas indígenas e de mata atlântica. Imagine um lugar onde se é capaz de caminhar por uma trilha às margens de um córrego, passar por um túnel no meio da mata e chegar até uma fábrica, uma vila operária e uma Maria-Fumaça. tudo sem funcionamento e abandonado. Soa remoto e bucólico, não? Mas esse cenário está na periferia de São Paulo, a poucos metros da estação Perus, da linha 7-Rubi da CPTM.

Para quem gosta de explorar esses cantos longínquos, que ainda resistem ao passar do tempo e ao crescimento desenfreado da nossa metrópole, vale conhecer a Fábrica de Cimento Perus e o seu entorno.

O Surgimento da Fábrica.

A sua história começa em 1914, com a estrada de ferro Perus-Pirapora (EFPP) que, depois de construída, deixou o local atrativo para um grande investimento. Assim, dez anos mais tarde, nascia a fábrica, a primeira de grande porte do Brasil. A operação funcionava da seguinte maneira: a cal era fabricada em Cajamar e chegava a Perus por meio do trem Maria-Fumaça, na EFPP. Depois ia pra outros lugares da cidade nos trilhos da São Paulo Railway.

Todo o bairro de Perus se desenvolveu tendo como núcleo a fábrica, pois muitos migrantes e imigrantes vieram a São Paulo para trabalhar com o cimento e lá se instalaram. A fábrica foi responsável pela produção de milhares de toneladas de cimento que construíram grande parte do estado de São Paulo e ajudaram a edificar Brasília.

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Vila Triângulo, onde moravam alguns dos Queixadas. ©Daniel Foggiato

Só que a vida não foi tão fácil para esses trabalhadores. A partir da década de 50, quando o deputado federal José João Abdalla assumiu o controle, inúmeras greves aconteceram, na luta contra a precariedade das condições de trabalho, por melhores salários e direitos trabalhistas.  Muitas conquistas foram obtidas por esses operários, que ficaram conhecidos como Queixadas, pela perseverança e união. Porém, essa tensa relação entre o Mau Patrão (como ficou conhecido Abdala) e os Queixadas levou ao fechamento da fábrica, na década de 80 e ao seu completo abandono. Hoje, o lugar começa a se transformar em ruína e sua história vai se apagando. Não há ninguém lá, exceto funcionários da família Abdalla, que cuidam da propriedade.

Quem quiser conhecer o local, pode passar na Comunidade Cultural Quilombaque, uma organização de iniciativa dos próprios Peruenses. A sede fica ao lado da estação do trem. Lá é possível pegar informações sobre o acesso e conhecer toda a luta que esses moradores vêm enfrentando para transformar o local em um centro de cultura e memória do trabalhador e universidade colaborativa. Uma atitude de resistência, para não jogar uma pá de cimento, como muitas vezes acontece, em um pedaço da história de São Paulo.

Via: Comunidade Cultural Quilombaque – www.comunidadequilombaque.blogspot.com.br e Movimento Fábrica Perus – www.movimentofabricaperus.wordpress.com

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Daniel Foggiato
the authorDaniel Foggiato
Nascido em São Paulo. Graduado em Letras pela PUC-SP e em Educação Artística pelo Instituto de Artes da UNESP. Atuou bastante tempo na área da arte-educação, até começar a trabalhar exclusivamente com a fotografia, a partir de 2012. Atua profissionalmente nos seguintes segmentos de fotografia: still de produto, espetáculos, arquitetura, bebês e social-corporativo. Atende clientes como Walmart, Bourbon Street Music Club, além de agências de publicidade e outros. Cursa atualmente pós-graduação em Fotografia na FAAP, em São Paulo.

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