RAPIDINHAS

A participação das mulheres na fotografia

Nesse dia internacional das mulheres, vamos falar da participação delas na fotografia. Num estudo aprofundado, inclusive em um curso superior de fotografia, vê-se um número de homens fotógrafos bem maior do o número de mulheres fotógrafas, assim como em outros setores da nossa sociedade. A luta pela igualdade de reconhecimento também entra aqui. Afinal, você conhece as grandes artistas do universo da fotografia?

Muitas mulheres estão por aí hoje em dia trabalhando com fotografia, com suas obras nas galerias ou expostas em museus. Outras tantas andam fotografando anonimamente e postando seus trabalhos no Instagram, usando a tag do São Paulo City. Pra essas e pra todas as outras e outros, vale à pena jogar luz e conhecer algumas das grandes fotógrafas da história que contribuíram significativamente para a nossa arte.

Em um dos períodos mais difíceis da nossa história, entre as duas grandes guerras, é que surge Dorothea Lange, fotógrafa estadunidense. Entre 1935 e 1942, foi criado e funcionou nos EUA a FSA (Farm Security Administration), que pagava a cada fotógrafo 50 dólares para eles retratarem a depressão pós 1929 que assolava o país. Foi aí que Dorothea apareceu, junto com outros artistas, e deu início à corrente designada Fotografia Humanista, que mostrava a penúria, a catástrofe e a pobreza do povo norte-americano a fim de ajudar o governo a tomar as medidas necessárias para a recuperação do país. Foi exatamente nessa época que Lange fez uma das fotos mais icônicas da história da fotografia; Mãe Migrante, de 1936.

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Dorothea Lange, Migrant Mother. 1936

Outra grande fotógrafa dos EUA, com 62 anos atualmente, é Cindy Sherman. Suas obras têm duas potencialidades que a fazem ser amplamente discutida no universo da imagem. Sherman, em seus trabalhos, ironizou e criticou o modo como a identidade feminina foi criada, segundo as regras da publicidade, a partir da década de 60. Ela questionava o papel da mulher doméstica, submissa ao homem, que era difundido pela mídia. Além disso, foi uma artista que trabalhou muito bem com o conceito de fotografia encenada, elaborando minuciosamente suas fotos antes do click. É o que vemos em uma das fotos de sua série intitulada Untitled Film Still.

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Cindy Sherman, Untitled Film Still. #3. 1977

E as brasileiras? Vamos falar de duas muito especiais. A primeira é a Claudia Andujar, ela é suíça de nascimento, mas veio para o Brasil em 1955 e construiu sua carreira de fotógrafa aqui. Andujar trabalhou, durante 40 anos , na Amazônia, onde produziu uma das suas mais aclamadas obras; Yanomamis, sobre a tribo indígena. Recentemente ela ganhou um pavilhão especial no museu do Inhotim, onde está exposta essa série. O que mais se destaca na produção de Claudia Andujar é, sem dúvida, uma fotografia de cunho mais étnico e antropológico, mas ela possui muitas outras séries notáveis de obras mais conceituais e outras urbanas, como a foto de destaque desse artigo.

Por fim, Nair Benedicto. Uma das mulheres pioneiras do movimento feminista, na década de 1970 no Brasil e também uma das primeiras a entrar no circuito da fotografia, bem restrito aos homens. Sua produção, focou o papel da mulher na sociedade, especialmente as das classes mais baixas. Nair é paulistana, trabalhou no Jornal da Tarde e colaborou com revistas como Time, Marie Clair, IstoÉ, entre outras, tendo ainda fundado, em 1979, a F4, uma das primeiras agências de fotojornalismo do país. Por mais que agora isso pareça mais comum, se não fosse por pessoas como Claudia e Nair, provavelmente muitas mudanças na concepção predominantemente masculina da fotografia não teriam acontecido. Esse discurso nunca é batido.

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Nair Benedicto, Tesão no Forró. 1978

Pra quem se interessou, há ainda muitas outras fotógrafas que merecem ser estudadas. (Nem falei das européias!). Bons lugares para pesquisa são o site do Instituto Moreira Sales e do Museu de Arte Moderna da Nova York, o MoMa.

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Daniel Foggiato
the authorDaniel Foggiato
Nascido em São Paulo. Graduado em Letras pela PUC-SP e em Educação Artística pelo Instituto de Artes da UNESP. Atuou bastante tempo na área da arte-educação, até começar a trabalhar exclusivamente com a fotografia, a partir de 2012. Atua profissionalmente nos seguintes segmentos de fotografia: still de produto, espetáculos, arquitetura, bebês e social-corporativo. Atende clientes como Walmart, Bourbon Street Music Club, além de agências de publicidade e outros. Cursa atualmente pós-graduação em Fotografia na FAAP, em São Paulo.

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