LADRÃO

RAPIDINHAS

GRUPO ZUMB.BOYS APRESENTA O ESPETÁCULO “O QUE SE ROUBA” NO TEATRO ALFREDO MESQUITA

By Miguel Garcia

November 19, 2015

O Grupo Zumb.boys, primeiro grupo proveniente das danças urbanas a ser premiado no Fomento à Dança, apresenta um trabalho inédito na cena do breaking e hip-hop, promovendo o encontro e o diálogo com diferentes linguagens lapidando o espetáculo, expandindo as possibilidades de investigação corporal e corroborando com novas estruturas de pensamento criativo. Dessa forma, o grupo pretende valorizar a cultura de danças urbanas, fortalecendo a cena e elevando seu patamar de pesquisas nessa modalidade

Foto Kelson Barros – Zumbboys

O ROUBO DAS POSSIBILIDADES

Foram sete meses de oficinas compartilhadas, treinamento, investigação corporal e diálogos com especialistas de diferentes segmentos, até chegar ao resultado final para apresentação do mais novo espetáculo do Grupo Zumb.boys. Para a criação de “O que se rouba”, o grupo realizou uma pesquisa minuciosa sobre o tema “roubo” e também se permitiu ser influenciado por outras linguagens artísticas, potencializando seus experimentos para levar conceitos de danças urbanas para o palco.

Partindo da pesquisa sobre a movimentação urbana, e como explorar o espaço cênico tendo a cidade como referência, surgiu o desejo do grupo em se aproximar de indivíduos que tinham por escolha um comportamento especifico que fugisse dos padrões estabelecidos em sociedade: o ladrão. Refletindo sobre questões que determinam suas ações, e tomando o contexto de um infrator como fio condutor para uma investigação corporal, o grupo criou o espetáculo “Ladrão”, que estreou em 2014. Neste trabalho, o grupo compreendeu um pouco do que acontece nesse cenário, buscando pontos de vista sobre as regras de convívio social e razões que influenciam a decisão pelo roubo.

Contemplado pelo 17° Edital de Fomento à Dança de São Paulo, o grupo deu continuidade a sua pesquisa anterior sobre o ladrão, observando o mesmo tema, sobre uma nova perspectiva. Deparou-se com angustias e reflexões que ganharam espaço, e se tornaram necessárias como questionamentos no processo de construção da obra. Dividindo sua pesquisa em segmentos, dialogou com ladrões, policiais, sociólogos, advogados e filósofos, propondo uma reflexão sobre o que se rouba hoje em nossa sociedade, ponderando variadas possibilidades de roubos, ampliando a discussão e indo além do roubo material:

“A nossa intenção é expor tudo o que pode ser roubado, e não nos ater apenas aos roubos materiais. Roubos imateriais, certamente são roubos concretos e de reverberações tão “violentas” quanto qualquer outro. O grande roubo nesse caso, para nós é o roubo do possível. Quando a sociedade diz a um indivíduo onde ele precisa chegar, mas não apresenta condições e recursos para que ele possa ir, como uma educação de qualidade, hospitais, segurança pública, ela está roubando o desenvolvimento desse indivíduo. É desse roubo das possibilidades de poder construir e de poder ser, que estamos tratando. O roubo da oportunidade, da infância, da vida, dos sonhos, do direito a igualdade” – explica Márcio Greik, diretor do grupo Zumb.boys.

O cenário idealizado é o de uma prisão imaginária, que remete o público às várias prisões imateriais com as quais lidamos no cotidiano: “Você não está preso fisicamente, mas está preso a um modo de existir, que muitas vezes não te permite arriscar e se libertar de amarras abrigadas em demarcações invisíveis.” – complementa Márcio.

A correria, que no espetáculo “Ladrão” aparecia como a fuga, agora, em “O que se Rouba” é apresentada como a grande corrida para não ficar atrás, o movimento para encurtar a distância de quem sempre esteve à frente nas oportunidades.

Em “O que se rouba”, o grupo entrelaça os resultados de uma intensa investigação corporal, a uma sensível e abrangente reflexão sobre a sociedade contemporânea, permeando por temas como a desigualdade de oportunidades, a busca por reconhecimento, entre outros.

O Grupo Zumb.boys, primeiro grupo proveniente das danças urbanas a ser premiado no Fomento à Dança, apresenta um trabalho inédito na cena do breaking e hip-hop, promovendo o encontro e o diálogo com diferentes linguagens lapidando o espetáculo, expandindo as possibilidades de investigação corporal e corroborando com novas estruturas de pensamento criativo. Dessa forma, o grupo pretende valorizar a cultura de danças urbanas, fortalecendo a cena e elevando seu patamar de pesquisas nessa modalidade.

 

“O que se rouba” estreou em 23 de outubro, no Teatro Flávio Império. E as próximas apresentações acontecem nos dias 20, 21 e 22 de Novembro, no Teatro Alfredo Mesquita. A programação completa, pode ser encontrada na página Grupo Zumb.boys no facebook e no site www.zumbboys.com