O Edifício Guinle tem muita história para contar, inaugurado em 1913 por uma família de muitas posses, ele resiste no centro da cidade de São Paulo, restaurado e em funcionamento.
O Edifício Guinle foi construído para a família de mesmo nome, projetado pelo arquiteto catalão Hyppolito Gustavo Pujol Junior, o prédio tem sete andares, o que, para a época de sua construção foi um marco na arquitetura da cidade, que tinha prédios com somente dois andares e apenas um com quatro pavimentos.
Além de ser o primeiro prédio com 7 andares, o edifício Guinle foi também o primeiro a usar concreto armado e vigas com vãos maiores de 12 metros de extensão, testados por Pujol Junior em seu laboratório.
Com tantas novidades, não foi tão fácil aprovar a obra junto a Prefeitura Municipal de São Paulo, era preciso avaliar se aquele projeto realmente daria certo. Uma análise foi solicitada a Sá Rocha, que considerou não somente a altura, mas a simetria do prédio.
Sá Rocha fez um grande levantamento de dados sobre regulamentações na Europa, Estados Unidos e Argentina, para compreender o funcionamento deste processo fora do país, descobriu que nos Estados Unidos eram permitidas construções de até 70 metros de altura, em Paris e Buenos Aires, 30 metros. Após concluir sua pesquisa, enviou seus documentos à Câmara e também a Comissão de Obras da cidade.
Após tanta pesquisa, o prefeito de São Paulo ainda não estava convencido, Barão de Duprat achava que uma construção de 7 andares não era estável, ele solicitou ao engenheiro Francisco de Paula Souza, o então diretor do Gabinete de Resistência dos Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e atual IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, um aval para a realização da obra.
Somente após todo esse processo, o Edifício Guinle pode ser construído, para ser a sede da Guinle & Cia. O Guinle foi a primeira construção no país a ter sua obra acompanhada de perto por técnicos do Laboratório de Ensaios da Escola Politécnica. A construção aconteceu de 1912 a 1916, mas o prédio foi inaugurado em 1913.
O estilo arquitetônico é Art Nouveau, com aberturas bastante largas para os padrões da época e uma fachada com granito rugoso e argamassa pigmentada na cor Ocre, com peças de bossagem rústicas, que são aquelas que ressaem do prumo, e argamassa lisa no térreo. As portas de chapa ondulada metálica com gradil de ferro e esquadrias de madeira e vidro, conferem muita beleza do Edifício Guinle.
Na fachada do prédio há duas hastes com asas e serpentes enroladas, facilmente atribuídos ao símbolo da Medicina, no caso, as do edifício Guinle representam o Caduceu de Hermes, já que na mitologia grega, Hermes era o deus do comércio, e como comerciantes a família Guinle começou sua fortuna.
O prédio foi comprado pela rede Mundial Calçados em 1997, que tem uma loja no térreo e utiliza o prédio como escritório e estoque também. O restauro do prédio teve início em 2011 e contou com apoio da Lei Cidade Limpa, o orçamento foi de 700 mil reais, a obra foi financiada pela empresa de calçados.
O edifício Guinle foi tombado pelo COMPRESP e a instituição Companhia do Restauro foi contratada para realização da obra, com prazo de 1 ano para finalização, mantendo o máximo das características originais do prédio, como não ter pintura, telhado feito de cerâmica, elementos decorativos na cor grafite e fundição dos trincos de janela exatamente como os desenhos originais.
Para aumentar ainda mais a curiosidade, a família Guinle fez fortuna no Brasil com uma concessão de 92 anos do Porto de Santos, uma outra obra da família muito conhecida em todo o país é Hotel Copacabana Palace.
Por tudo isso, vale muito a pena visitar o Edifício Guinle e valorizar sempre a história e o patrimônio da cidade de São Paulo.
Serviço: Rua Direita, 49 – Sé
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