Projeto São Paulo City

Série Avenida Paulista: uma série do palacete Taufik Camasmie – Parte 4

taufik

Nas últimas semanas, a Série Avenida Paulista está contando a história de um casarão emblemático que existia na Paulista, esquina da Rua da Consolação. Por apresentarmos em partes, dissemos que seria uma série dentro da série referente ao Palacete Camasmie.  A primeira parte mostrou o a edificação anterior e o início da construção do palacete (Você pode ler clicando aqui), a segunda expôs a história da construção do interior da casa, apresentando os artesãos e operários que trabalharam em sua edificação (Você pode ler clicando aqui). A terceira, exibiu os ambientes e cômodos da casa. (Você pode ler clicando aqui)

Nesta semana, iremos mostrar a origem da família e como era a convivência deles dentro da casa. Para tal, vamos dividir com todos a memória viva de Stella Camasmie Taleb, uma das netas de Taufik Camasmie, primeiro proprietário do palacete. D. Stella escreveu suas lembranças para conversar conosco, e resolvemos publicar trechos dos textos escritos à mão por ela.

Também contamos com a contribuição de Marcia Dib, bisneta do proprietário, com seu trabalho de conclusão do curso de arquitetura, do qual do mesmo modo mostraremos alguns trechos.

O proprietário do palacete: Taufik Camasmie

Começamos com a história de Taufik Camasmie, com um extrato que consta no trabalho de Marcia.

Segundo o trabalho de Marcia, o Sr. Taufik “se instalou na Rua Rangel Pestana, nº 63, morando de aluguel atrás da loja. Nessa época, já com 28 anos, foi visitar um conterrâneo, Nagib Ballan, que havia chegado, e acabou se casando com a irmã, Acibe Ballan, de 13 anos. Isso no dia 18 de janeiro de 1.900.

Casamento de Taufik e Acibe em 18 de janeiro de 1900, dias após a virada do século.

O casal teve 9 filhos, uma delas ainda está viva, como conta D. Stella:

A educação era fundamental para o Sr. Taufik, porém os filhos mais velhos tiveram que trabalhar enquanto os mais novos, foram estudar, como descreve D. Stella.

Alguns amigos aconselharam o Sr.  Taufik, que ele fosse vender suas mercadorias no centro da cidade. Ele abriu uma loja na Rua 25 de março, onde trabalha com os filhos mais velhos.  A família morava no andar superior.

Loja na Rua 25 de março

Depois de alguns anos, foi residir na região da Avenida Paulista, onde a família morou de aluguel por algum tempo, até a compra da casa na avenida e a reforma que o transformaria no palacete. Na sua inauguração, uma grande festa aconteceu, como mostra o depoimento de D. Stella: 

Casamento de Bahige, filho mais velho do Sr. Camasmie, com Rosinha.

Muitos casamentos foram realizados na casa, de várias gerações. Como era tradição, os familiares ou a noiva desciam pela escada de mármore, ornamentada com o tapete, até o centro da grande sala de visitas.

Casamento de D. Zilda filha mais  nova do Sr. Camasmie e a única que ainda está viva.

Na imagem abaixo, vemos a D. Stella, à esquerda e, ao lado, a foto mostra o que foi uma comemoração dupla: a festa de bodas de prata de Bahige e sua esposa Rosinha, que aparecem em primeiro plano, na escada, e o casamento de sua filha Clarisse e Seme, que estão logo atrás.

Além das festas de casamento, a família tinha muitas outras diversões, como nos expõe D. Stella. Eram muitos passeios e divertimento, mas nada melhor do que brincar no corso no Carnaval.

A família na garagem do palacete saindo para ir ao corso na Avenida Paulista. À esquerda o Sr. Taufik e sua esposa Acibe.

Em outro ano, o carro com a família desfilando pela avenida, Rosinha e Bahige, à frente, as moças Linda, Zilda e uma prima sentadas na capota e o Sr. Taufik e a esposa Acibe, sentados no banco de trás.

Outra diversão era ir aos bailes de Carnaval, como nesta foto para ir ao baile do clube Sírio em que as meninas estão fantasiadas iguaizinhas – eram as padeiras – fantasia inspirada na marchinha de carnaval “A mulher do padeiro”, de Joel e Gaúcho.

A partir da direita, acima Zilda, o casal Bahige e Rosinha, seguido do casal Taufik e Acibe. Entre as crianças, D. Stella é a segunda menina.

Também eram muito festivas as passagens de Ano Novo em família, como descreve D. Stella.

Muitos acontecimentos marcaram a vida da família naquela residência, como por exemplo o IV Centenário da cidade de São Paulo, que foi vivido assim.

Imaginem que maravilhoso não deve ter sido ver os fogos no alto do mirante, em que quase não se via construções, mas apenas o lindo horizonte da cidade.

O casal Bahige e Rosinha na cúpula onde ficava o mirante do palacete.

E qual seria a surpresa, em 12 de maio de 1933, dia em que o dirigível Zepellin sobrevoou São Paulo e pode ser visto na Avenida Paulista bem em cima do palacete, como vemos na fotografia abaixo. Êxtase puro com a grandiosidade do objeto que flutuava no ar.

Até mesmo, os dias em que eram realizadas as fotografias se tornavam especiais, como nesta linda foto das irmãs Stella, Silvia e Clarisse, feita em 1936.

Mas claro a vida não era só festa, D. Stella descreve a convivência na rotina familiar.

Vejam que linda família se formou ao redor do Palacete Camasmie! E quantas gerações por ali passaram.

Uma casa não é só formada pela sua construção, por sua decoração, mas principalmente pelas emoções, alegrias e tristezas, daqueles que viveram nela, pessoas, famílias e gerações, cada um com seus momentos de felicidade e de inquietude e, tudo isso junto, fez a história dessa família, e também parte da nossa memória da cidade e que faz deste palacete algo para lembrado para sempre. Uma história de uma residência e sua família, originária da imigração, mas tipicamente paulistana.

Pedimos licença para Marcia Dib para terminar a série Palacete Camasmie com um trecho final de seu rico trabalho.

Muito obrigada D. Stella, e sua filha Magali, Marcia, e sua mãe Silvia, e toda a família Camasmie que, de alguma forma, está presente neste texto, e que podemos conhecer nesta cópia de foto os nomes que, gentilmente, foi feita por D. Silvia.

Com isso, o melhor de tudo é que eternizamos a história da família e do Palacete Camasmie, para que nós todos, leitores, e também nossos descendentes, possamos ter acesso a ela.

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