Nas últimas semanas, a Série Avenida Paulista está contando a história de um casarão emblemático que existia na Paulista, esquina da Rua da Consolação. Por apresentarmos em partes, dissemos que seria uma série dentro da série referente ao Palacete Camasmie. A primeira parte mostrou o a edificação anterior e o início da construção do palacete (Você pode ler clicando aqui), a segunda expôs a história da construção do interior da casa, apresentando os artesãos e operários que trabalharam em sua edificação (Você pode ler clicando aqui). A terceira, exibiu os ambientes e cômodos da casa. (Você pode ler clicando aqui)
Nesta semana, iremos mostrar a origem da família e como era a convivência deles dentro da casa. Para tal, vamos dividir com todos a memória viva de Stella Camasmie Taleb, uma das netas de Taufik Camasmie, primeiro proprietário do palacete. D. Stella escreveu suas lembranças para conversar conosco, e resolvemos publicar trechos dos textos escritos à mão por ela.
Também contamos com a contribuição de Marcia Dib, bisneta do proprietário, com seu trabalho de conclusão do curso de arquitetura, do qual do mesmo modo mostraremos alguns trechos.
Começamos com a história de Taufik Camasmie, com um extrato que consta no trabalho de Marcia.
Segundo o trabalho de Marcia, o Sr. Taufik “se instalou na Rua Rangel Pestana, nº 63, morando de aluguel atrás da loja. Nessa época, já com 28 anos, foi visitar um conterrâneo, Nagib Ballan, que havia chegado, e acabou se casando com a irmã, Acibe Ballan, de 13 anos. Isso no dia 18 de janeiro de 1.900.
O casal teve 9 filhos, uma delas ainda está viva, como conta D. Stella:
A educação era fundamental para o Sr. Taufik, porém os filhos mais velhos tiveram que trabalhar enquanto os mais novos, foram estudar, como descreve D. Stella.
Alguns amigos aconselharam o Sr. Taufik, que ele fosse vender suas mercadorias no centro da cidade. Ele abriu uma loja na Rua 25 de março, onde trabalha com os filhos mais velhos. A família morava no andar superior.
Depois de alguns anos, foi residir na região da Avenida Paulista, onde a família morou de aluguel por algum tempo, até a compra da casa na avenida e a reforma que o transformaria no palacete. Na sua inauguração, uma grande festa aconteceu, como mostra o depoimento de D. Stella:
Muitos casamentos foram realizados na casa, de várias gerações. Como era tradição, os familiares ou a noiva desciam pela escada de mármore, ornamentada com o tapete, até o centro da grande sala de visitas.
Na imagem abaixo, vemos a D. Stella, à esquerda e, ao lado, a foto mostra o que foi uma comemoração dupla: a festa de bodas de prata de Bahige e sua esposa Rosinha, que aparecem em primeiro plano, na escada, e o casamento de sua filha Clarisse e Seme, que estão logo atrás.
Além das festas de casamento, a família tinha muitas outras diversões, como nos expõe D. Stella. Eram muitos passeios e divertimento, mas nada melhor do que brincar no corso no Carnaval.
A família na garagem do palacete saindo para ir ao corso na Avenida Paulista. À esquerda o Sr. Taufik e sua esposa Acibe.
Em outro ano, o carro com a família desfilando pela avenida, Rosinha e Bahige, à frente, as moças Linda, Zilda e uma prima sentadas na capota e o Sr. Taufik e a esposa Acibe, sentados no banco de trás.
Outra diversão era ir aos bailes de Carnaval, como nesta foto para ir ao baile do clube Sírio em que as meninas estão fantasiadas iguaizinhas – eram as padeiras – fantasia inspirada na marchinha de carnaval “A mulher do padeiro”, de Joel e Gaúcho.
A partir da direita, acima Zilda, o casal Bahige e Rosinha, seguido do casal Taufik e Acibe. Entre as crianças, D. Stella é a segunda menina.
Também eram muito festivas as passagens de Ano Novo em família, como descreve D. Stella.
Muitos acontecimentos marcaram a vida da família naquela residência, como por exemplo o IV Centenário da cidade de São Paulo, que foi vivido assim.
Imaginem que maravilhoso não deve ter sido ver os fogos no alto do mirante, em que quase não se via construções, mas apenas o lindo horizonte da cidade.
E qual seria a surpresa, em 12 de maio de 1933, dia em que o dirigível Zepellin sobrevoou São Paulo e pode ser visto na Avenida Paulista bem em cima do palacete, como vemos na fotografia abaixo. Êxtase puro com a grandiosidade do objeto que flutuava no ar.
Até mesmo, os dias em que eram realizadas as fotografias se tornavam especiais, como nesta linda foto das irmãs Stella, Silvia e Clarisse, feita em 1936.
Mas claro a vida não era só festa, D. Stella descreve a convivência na rotina familiar.
Vejam que linda família se formou ao redor do Palacete Camasmie! E quantas gerações por ali passaram.
Uma casa não é só formada pela sua construção, por sua decoração, mas principalmente pelas emoções, alegrias e tristezas, daqueles que viveram nela, pessoas, famílias e gerações, cada um com seus momentos de felicidade e de inquietude e, tudo isso junto, fez a história dessa família, e também parte da nossa memória da cidade e que faz deste palacete algo para lembrado para sempre. Uma história de uma residência e sua família, originária da imigração, mas tipicamente paulistana.
Pedimos licença para Marcia Dib para terminar a série Palacete Camasmie com um trecho final de seu rico trabalho.
Muito obrigada D. Stella, e sua filha Magali, Marcia, e sua mãe Silvia, e toda a família Camasmie que, de alguma forma, está presente neste texto, e que podemos conhecer nesta cópia de foto os nomes que, gentilmente, foi feita por D. Silvia.
Com isso, o melhor de tudo é que eternizamos a história da família e do Palacete Camasmie, para que nós todos, leitores, e também nossos descendentes, possamos ter acesso a ela.
Adriana Barone Gabriel
Guilherme Gabriel
Marcelo BG
Muito obrigada. Essa é uma homenagem à família Camasmie! Marcia Dib Stella Taleb em Arte Magali Kfouri Taufik Camasmie
Agradeço muito Luciana Cotrim! Orgulho dessa história!
Muito obrigada, Luciana Cotrim, pelo lindo trabalho! Pela competência e por expor com tanto respeito, carinho e consideração esse pedaço da vida de nossa familia e da cidade. ❤
Eu que agradeço a disponibilidade e o desprendimento para compartilhar como todos a história da família. Muito gentileza.
Foi um prazer! ???
Que pena que praticamente nada foi preservado desses palacetes. Quantas histórias maravilhosas sucumbiram junto com eles.
E verdade. Apenas 4 deles ainda existem na Avenida Paulista.
Luciana, estou curtindo de mais essa série Avenida Paulista. Que pena que não tive a oportunidade de visitar essa Avenida na época dos casarões e palacetes.
Obrigada. Realmente a avenida deve ter sido muito bonita.
Daniela Maluf Camasmie vc viu isso?
Kkkk era a casa da minha sogra?
Daniela Maluf Camasmie Que chic!!!!!
Luciana, a primeira foto da casa nesta quarta parte, não está espelhada, isto é, ao contrário do que realmente é?
Marcelo, você é observador, mas a foto que está espelhada é a primeira, que está junto do casal. Eu não tinha notado. A parte reta da casa era o lado que dava para a Consolação. Obrigada.
Freddy Forner
Belíssimo!!!! Ele tinha mais ou menos o mesmo estilo que o palacete dos Lotaif.
Freddy Forner É verdade, as duas famílias são de origem árabe. Aqui você pode ver a história do Palacete Lotaif também. Segue link: https://spcity.com.br/serie-avenida-paulista-frente-prainha-schaumann-andraus-lotaif-paulista-647/
Natália Biazotti ♡
Nossa, fiquei até emocionada. Que história linda! Obrigada por me marcar <3
??
Luciana Cotrim, o nome me muito familiar, você é publicitária, estou encantada com o seu trabalho, tenho paixão por essas histórias!
Geni, muito obrigada. Eu também sou encantada… rsrsrs Eu trabalho com publicidade, sim. Será que nos conhecemos?
Monica Oberhuber Negraes