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Série Avenida Paulista: do palacete de von Hardt às escadarias do Gazeta

Nesta semana apresentaremos um novo palacete da Avenida Paulista que pertencia a família do Sr Richardt von Hardt e ficava onde hoje está o Edifício Gazeta, mais precisamente onde está o Colégio Objetivo e parte do prédio do Gazeta.

Richardt von Hardt nasceu em 30 de setembro de 1882 em Frankfurt na Alemanha.

No Brasil, era um assíduo rotariano. Foi um dos diretores da Companhia Antarctica Paulista e, também, delegado do Sindicato dos Engarrafadores de Bebidas de São Paulo.

Ele mantinha muitas outras atividades, como ter sido Diretor da Sociedade de Amadores de Caça e Pesca, tinha participação na Companhia do Café de São Paulo. Foi, por muitos anos, integrante da Associação Comercial de São Paulo e da Federação das Indústrias de São Paulo.

Casou-se com a filha do Sr. Adam Ditrik von Bülow que, também morava na Avenida Paulista (a história dele, uma das primeiras da Série Avenida Paulista, pode ser lida neste link…).

O Sr. Richardt casou-se com Else von Bülow e com ela teve 2 filhos, Ingeborg von Hardt e Dietrich von Hardt. Na imagem abaixo, a Sra Else von Bülow e seus dois filhos.

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Para contar detalhes sobre a família von Hardt e sobre a casa da avenida paulista, contamos com a especial colaboração de um dos maiores colecionadores de relíquias da história da Avenida Paulista: Paulo Castagnet.

Paulo faz captação de peças referente à Avenida Paulista a uns 20 anos. Desde documentos sobre a Avenida, tais como postais, envelopes de correspondências, slides, livros, revistas antigas editadas em São Paulo,  fotos da Avenida, álbuns de fotos de família residentes na Avenida, além de objetos que pertenceram a alguma residência como vitrais, mapas da cidade de São Paulo, listas de telefone de endereço antigos da cidade de São Paulo, entre outros artigos que se relacionem com a Avenida, desde pouco antes de sua inauguração (1891) até meados dos anos 90 do século XX.

Paulo concedeu a publicação de algumas fotos inéditas do palacete, oriundas do álbum de fotografias da família, que foi doado a ele. Além disso, com todo esse conhecimento, escreveu, com ricos detalhes, o texto a seguir. Para ele, o nosso enorme agradecimento por compartilhar conosco essas preciosidades.

“O que sei é que o terreno da Avenida Paulista era ao lado e contíguo ao da família dos von Bülow, pois o terreno pertencia ao Adam Ditrik von Bülow, que era co-fundador da Companhia Antarctica Paulista.

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A diretoria da Companhia Antarctica Paulista. Em pé, da esquerda para a direita; Srs M. Homer, o Gerente Geral; Dr. A. Bieler, Secretário Geral; A. Schwenke, Caixa Geral. Sentados: Srs. Richardt von Hardt, Diretor; Dr. Kurt Martin, Diretor Presidente interino e Carl Adolph von Bülow, Diretor. Fonte: Revista A Cigarra, 1933.

Um detalhe que me chamou à atenção nas pesquisas que fiz: parte do terreno dos Bülow pertencia, anteriormente, a Anton Zerrenner, sócio e co-fundador da Companhia Antactica. Seu nome aparece em alguns documentos de época que confirmam que ele teve terreno na Avenida, mas acredito que ele não tenha, de fato, residido lá. Acredito que ele tenha vendido sua parte do lote para o Sr. Adam Von Bulow, justamente o lote onde se encontrava a futura residência dos von Hardt.

O terreno da casa foi dado, como presente de casamento, para a filha dele, Else von Bülow. Esta filha casou-se com um alemão, Richardt von Hardt e deste casamento vieram 2 filhos (uma menina e um menino) Ingeborg e Dietrich.

Entre 1928 e 1930 a casa foi construída pelo engenheiro-arquiteto alemão Hutzmann, talvez vindo da Alemanha. A família residiu bem na casa até a chegada da Segunda Grande Guerra….

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Com a chegada da guerra, tanto o Sr. von Hardt quanto o seu jovem filho foram lutar na guerra pela Alemanha, porém ambos nunca regressaram ao país, pois morreram lá.

A única filha casou-se com um príncipe europeu pouco tempo depois e foi viver na Europa e a Sra. von Hardt casou-se em segundas núpcias com um outro cidadão alemão, o Sr. Friedrich Wilhelm von Schaaffhausen, que já tinha um filho do primeiro casamento dele.

Como a casa havia ficado grande demais para todos, a Sra. von Hardt foi morar na Dinamarca, já que a família era originária de lá e com isto deixou a casa para seus 2 sobrinhos – Adam Dietrich von Bülow e Christian von Bülow, filhos de seu irmão Carl Adolph von Bülow.

Com a morte da mãe de Adam e Christian, Anna Louise Ottilie von Bülow, eles ficaram com as 2 casas na Avenida Paulista, uma ao lado da outra. Tempos depois o Adam von Bülow, que era o irmão mais velho, veio a casar-se e consequentemente, mudou-se para o Jardim Europa, e Christian ficou sozinho, com as duas casas….o que fazer?

Ninguém queria alugar, era caro demais para mantê-las, até que começa a chegar a verticalização na Avenida Paulista no começo dos anos 50. Após algumas sondagens de supostos compradores Christian consegue, de uma só vez, vender os dois palacetes, o da família von Bülow, que todos conhecem e também a casa de sua Tia Else von Hardt.

O palacete ficou em pé por somente 22 ou 23 anos, de 1930 até 1952/53. No terreno onde está hoje o Edifício Paulicéia estava o palacete da família von Bülow e onde está oEedifício da Gazeta, estava a residência dos von Hardt. Ela era enorme!

Os leões que aparecem na imagem são de tamanho natural….as colunas eram altíssimas e havia uma linda fonte, que ficava na frente da residência e, que facilmente passaria por uma piscina nos dias de hoje.

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Essa residência tinha um estilo bastante clássico de influência francesa, parte do telhado tinha o design das coberturas francesas, assim como os detalhes das colunas, e contava ainda com alguns ornamentos da escola alemã, como as janelas externas e os arcos que eram muito usados pelos engenheiros alemães na época. Havia uma mescla bem sutil entre as duas escolas. A casa tinha 3 andares, inclusive com o sótão habitável, além de um porão habitável também.

A frente imponente com suas 8 colunas, das quais brotavam de suas bases, escadarias em leque que eram espetaculares, fazendo conjunto com o jardim, adornado por uma rica e enorme fonte de água em forma de chafariz.

As colunas suportavam um grande terraço em forma de meia-lua, cercada de belos balaústres e vasos que combinavam com todo o estilo da arquitetura. Nesse terraço ainda saiam mais 5 colunas, pouco menores que as primeiras e também de menor porte que dava um toque harmonioso ao conjunto e formava uma pequena varanda particular, também semicilíndrica e por onde encontrava-se um grande porta-balcão central e 2 portas-balcões, menores, laterais -uma de cada lado da fachada.

Desse ponto, podia-se avistar a Avenida e seus transeuntes, os belos corsos na Avenida, os footings de fim de tarde e as residências que ficavam em frente, além do portão ricamente trabalhado, com os brasões incrustados nele, entre outras atividades percebidas na crescente avenida que corria á fora.

Olhando de frente para a residência, do lado direito, vê-se que há o acesso lateral, por onde ia-se aos fundos da residência, também de grande porte e com terreno muito comprido, lateralmente plantado por pinheiros altos. O telhado, parte era de ardósia, todo cinza e a outra parte, escondida pela platimbanda adornada com os balaústres, fazendo concordância com o restante da arquitetura.

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Os fundos desta residência merecem um olhar mais atento, pois tinha uma área social bem resguardada dos curiosos. Havia uma semelhança bastante próxima com a fachada, mas como ela tinha um formato em “L” quebrava-se a ideia de simetria.

Havia a varanda dos fundos com suas colunas do mesmo porte das da de entrada, que dava acesso ao jardim dos fundos, onde havia grande quantidade de flores e pinheiros altos. Neste conjunto, ainda se inseria uma bela capela cilíndrica, com telhado abaulado, cercada de colunas e portas em arco, que lembravam a construção que ainda existe hoje na Praça Alexandre de Gusmão, que fica em cima do túnel 9 de julho, ao lado do Parque do Trianon.

Temos ainda, para complementar, um galinheiro ou criadouro, onde podia-se criar os animais para consumo, o que era comum naquela época. Em uma das extremidades dos fundos do terreno, a garagem dos automóveis. Nota-se que o terreno onde estava inserido a residência era muito grande mesmo!  Ocupava da Avenida Paulista, na frente, até a Rua São Carlos do Pinhal, nos fundos.

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Reportagem intitulada “Palacete von Hardt”, publicada na Revista A Cigarra, 1933.

Os móveis são outro capítulo à parte….

Móveis de vime ficavam nesses terraços e também na entrada externa da residência para poder contemplar a Avenida Paulista daquele ângulo.

Internamente, os móveis e a decoração eram o reflexo dos seus proprietários. O hall, em assoalho xadrez, preto e branco, em quadrados grandes em granito liso e brilhante, com seus tapetes decorativos espalhados nos vários ambientes, na foto superior, à esquerda. Ao lado, detalhe desta área, onde se encontrava a lareira.

A porta de entrada era enorme, em arco, resguardada por um outro portão, que fazia parte dela, todo trabalhado em ferro.  Um detalhe, todas as portas de passagem eram em arco e, nesta sala, na passagem de um cômodo para um outro, havia duas estátuas de madeira maciça, em tamanho natural, como quem estivesse guardando as passagens das pessoas pelo recinto, como pode-se ver no fundo da foto.

Devido ao alto pé-direito, formava-se um grande átrio com uma ampla claraboia oval, em forma de vitral, que pairava sobre o recinto. Na sala de entrada ainda havia um enorme relógio de torre, com seus mais de 2,5 m de altura, de madeira maciça.

Havia muitos quadros pendurados nas paredes, a maioria de parentes e descendentes das famílias von Bülow e von Hardt, além de várias peças religiosas, como estátuas, baús de madeira de grande porte, todas entalhadas, além de armários pesados.

A escada, que saia em espiral, seguida de um corrimão todo trabalhado que levava às áreas mais reservadas da residência. Também havia fotos penduradas, alinhadas em quase todos degraus. No andar superior, uma varanda corrida interna formava-se, de modo que as pessoas podiam ficar olhando, e ver de cima todo o glamour da sala de entrada.

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Reportagem intitulada “Palacete von Hardt”, publicada na Revista A Cigarra, 1933.

Nos vários cômodos podemos encontrar enormes lareiras, com entalhes dos brasões de armas de ambas as famílias, muitos chifres de cervos espalhados pelas paredes como decoração, como pode-se notar na foto à esquerda.

No geral, os móveis são estilo Luiz XV e todos inseridos num ambiente bem arejado com muita ventilação, com a entrada de bastante raios de luz natural, devido às dimensões das janelas, que eram enormes e pesadas.

Boa parte dos cômodos era revestido de papel de parede colorido fazendo com que cada cômodo tivesse sua particularidade. Na sala de “caça”, que era contígua com a biblioteca haviam inúmeros móveis e a parede era forrada com lambris em madeira que decoravam o ambiente. Colunas de madeira em forma de espiral grosso, em bases de madeira trabalhada, iam até o teto. Havia armas e espingardas de caças penduradas na parede, todas elas alinhadas, sofás com peles de animais e poltronas, para recostar e ler algo, com muitos abajures altos.

A biblioteca, na foto à direta, de amplo tamanho, descortinava-se, após uma antessala, que se ligava a ela. Sua entrada, em forma de arco e apoiada em outra coluna grossa em espiral, de madeira, levava a várias prateleiras de livros, tudo separados por tamanhos, coleções etc, muito bem mobiliado, seguindo o estilo do ambiente.

Havia muitos quartos nesta casa, que levaria muitas páginas para poder narrar e descrever as funções que tinham de tão grande que eram! Os banheiros também tinham suas peculiaridades, sendo que se usava nesse período as suítes, de cores claras e bem grandes, com suas louças importadas, ambiente este, relativamente novo, pois muitas das residências deste período ainda tinham seus banheiros fora da residência ou longe dos quartos….

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Página inteira da reportagem intitulada “Palacete von Hardt”, publicada na Revista A Cigarra, 1933.

Um ambiente que merece respeito sem dúvida nenhuma era o porão. Era praticamente do tamanho da área da residência, com vários cômodos e utilidades para os proprietários.

Ele ficava parcialmente enterrado no terreno, mas suas janelas recebiam a luz natural vinda de fora e com isso afastava a umidade e a escuridão, tornando esses ambientes aptos para a atividade social, se necessária.

As salas do porão eram muito bem mobiliadas e construídas, em quase toda sua totalidade, em tijolinhos à vista, de grandes dimensões. As entradas, entre um aposento e outro, davam-se por passagens em forma de arco, como em toda a residência. Havia um padrão. Um trabalho em tijolos rústicos, que davam outra personalidade ao local.

As lareiras do porão eram feitas também em tijolos rústicos, inclusive nos brasões das famílias também foi usada essa técnica. Os móveis eram mais rústicos, que o restante da casa. Podia-se usar o ambiente como salão de jogos, salão de festas, dormitórios, recepção de convivas etc.”

Esta história contata pelo Paulo Castagnet nos mostra uma história de uma casa de sonhos, não é mesmo?

Mas claro que a vida do Sr. Richardt era muito real. Ele foi um conhecido empresário, que atuou em diversos segmentos, além do das bebidas, investia no café, esteve envolvido com a importação de batatas, divulgava as benesses da caça – era um grande caçador – e ajudava os mais necessitados, tanto na Associação Cristã de Moções, como em campanhas em prol de famílias mais pobres dos bairros mais periféricos, quando representante da Associação do Comercio e Indústria.

Frequentemente seu nome era divulgado em revistas e jornais, como na matéria abaixo sobre o navio-escola Sagres, publicada no Jornal Correio Paulistano, em 1935, em que aparece no meio da imagem – terceiro da esquerda para a direita.

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Naqueles tempos São Paulo, e o mundo, vivia os anos de pré-guerra. Um movimento contra os alemães foi tomando corpo até que uma grande parte deles foi expulsa do Brasil, como aconteceu com Moritz  , outro morador da Avenida Paulista (a história dele segue neste link).

O Sr. Richardt von Hardt, apesar de morar na casa dos sonhos, também sofreu com a perseguição aos alemães ocorrida aqui no Brasil. Em especial, pelo bloco dos empresários italianos, em grande parte ligados ao fascismo.

Em meados da década de 1930, o semanário italiano Il Moscone, impresso no Brasil, publicou várias sátiras dirigidas ao Sr. Richardt von Hardt, em que o chamava de racista, nazista, hitleriano, alemão cheio de empáfia e cerveja, como pode ser lido nas historietas abaixo.

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Talvez tenha sido um sonho dele: no período da guerra, o Sr. Richardt von Hardt foi lutar na segunda guerra mundial para defender a Alemanha, juntamente com seu filho Dietrich von Hardt, e lá ficou para sempre. Faleceu em 27 de janeiro de 1945, no último ano da guerra.

No terreno desta residência foi construído o Edifício Gazeta, que com seu tamanho ocupou também o terreno da casa ao lado, cujo proprietário e morador era o Sr. Horácio Espindola.

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O terreno foi comprado por Cásper Libero e as obras do novo edifício começaram em 1958. Pensou-se em um lugar emblemático, simbólico, para receber as empresas, que conjugasse com os ideais do fundador. Então, planejaram a Fundação Cásper Líbero em plena Avenida Paulista, endereço símbolo da cidade. A história da casa de Horacio Espindola, bem como a do Edifício Gazeta podem ser lidas clicando aqui.

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Fonte: Site da faculdade Cásper Libero.

Exatamente onde ficava o palacete da família von Hardt, hoje temos uma das escadas mais conhecidas de São Paulo. Escadas que receberam muitos shows, comemorações, manifestações,…e que estudantes passam e param todos os dias. A escadaria da Cásper.

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Torcedores brasileiros acompanham o jogo entre Brasil e Suécia pela Copa do Mundo da Itália, em 1990, nas escadarias do Edifício Gazeta. Foto: Júlio Alcântara/Agência Estado

Para terminar, mais uma vez, que descrição esmerada da casa e da história da família von Hardt, não é mesmo? Só temos a agradecer a Paulo Castagnet por ter contribuído com a Série Avenida Paulista, com mais essa história fantástica. E seguimos a busca de outras lindas histórias…

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Luciana Cotrim
the authorLuciana Cotrim
Paulistana até a alma, nasceu no Hospital Matarazzo, no coração de São Paulo. Passou parte da vida entre as festas da igreja Nossa Senhora Achiropita, os desfiles da Escola de Samba Vai-Vai e as baladas da 13 de maio no bairro da Bela Vista, para os mais íntimos, o Bixiga. Estudou no Sumaré, trabalhou na Berrini e hoje mora em Moema. Gosta de explorar a história e atualidades de São Paulo e escreveu um livro chamado “Ponte Estaiada – construção de sentidos para São Paulo” resultado de seu mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC. É consultora em planejamento de comunicação e professora de pós-graduação no Senac.

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