SP ANTIGO & MODERNO

Do Carandiru ao Parque da Juventude

Foto: divulgação

Na zona norte da cidade existiu o córrego Carandiru, que foi canalizado em 1960. Suas águas atravessavam o bairro de Santana, até desaguar no Rio Tietê. Esse pequeno rio emprestou seu nome à Casa de Detenção de São Paulo.

O Carandiru foi inaugurado na década de 1920. A sua construção foi considerada um dos principais cartões-postais da cidade na época. Nos anos 40, foi avaliado com um exemplo de “instituto de regeneração” e  recebeu diversos estudiosos de outros países, além de ser aberto para visitação pública.

1920.04.22 - Do Carandiru ao Parque da Juventude
Fonte: jornal O Estado de S. Paulo

 

O Complexo Carandiru chegou a abrigar mais de oito mil presos, tendo sido considerado o maior presídio da América Latina. O projeto dos pavilhões era similar, mas possuíam grandes diferenças em relação à população que os habitava. O Pavilhão 2 era o local para onde iam os novos detentos quando chegavam à casa de detenção. O Pavilhão 4 era o mais “desejado” entre os recém-chegados por não ser tão populoso como os outros e, ao contrário, o 5 era o mais cheio. O Pavilhão 7 era o mais calmo, o 8 dos que eram reincidentes no crime e, por isso, respeitados internamente. E o Pavilhão 9 recebia os réus primários e deu nome a uma torcida organizada do Corinthians.

Muitos bandidos famosos passaram anos no Carandiru, como Gino Meneghetti, o “gato de telhado” que desafiava a polícia pelos telhados da cidade e virou lenda paulistana. O João Acácio Pereira da Costa, que roubau uma lanterna para usar nos assaltos e só encontrou uma de luz vermelha, virando o Bandido da Luz Vermelha.

Carandiru virou cultura

A casa de detenção também motivou a publicação de vários livros, sendo o mais famoso Estação Carandiru, escrito pelo médico Drauzio Varella. Em 2003, a partir do livro, virou filme dirigido por Hector Babenco e estrelado por vários atores globais, como Wagner Moura, Lázaro Ramos e Rodrigo Santoro. O Carandiru e a penitenciária de San Pedro, na Bolívia, inspiraram a série de televisão americana “Prison Break“, em que a penitenciária se chama Penitenciária Federal de Sona. O  Carandiru foi desativado e parcialmente demolido em 2002 dando lugar ao Parque da Juventude.

Parque da Juventude – muito lazer, esporte e cultura para todos.

GetFile - Do Carandiru ao Parque da Juventude

O Parque da Juventude é um complexo cultural, recreativo e esportivo que foi inaugurado em 2003. Nele existem 10 quadras poliesportivas, área de apresentações artísticas, pista de skate, ciclovia, playground, pista para caminhada e corrida, estações de ginástica, sendo uma delas exclusiva para pessoas com deficiência. Atualmente é uma das melhores áreas de lazer de São Paulo.

E quem gosta de cães, uma ótima pedida: o parque tem um “cachorródromo”, uma área verde e cercada onde os cães podem se divertir e socializar sem estar presos à coleira. E já existe uma página no facebook chamada “Os cachorros do Parque da Juventude” em que são registradas fotos dos caninos se esbaldando no parque.

Do original do Complexo Penitenciário Carandiru foram mantidas muralhas e ruínas de celas do presídio e os pavilhões 4 e 7 (que eram calmos e desejados) foram transformados em duas grandes Escolas Técnicas (ETECs).

Lá também se encontra a Biblioteca de São Paulo (BSP), inaugurada em 2010, é um espaço arrojado com uma área de 4.257 metros quadrados, com concepção de projeto inovador para a inclusão social por meio da leitura.

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Foto: Alexandre Köner

Todas as sextas-feiras, às 15 horas, acontece a contação de histórias da literatura infanto-juvenil, para incentivar a leitura e o desenvolvimento criativo das crianças a Leitura do Cotidiano, a partir de leitura de fragmentos literários e jornalísticos, letras de música e poemas, com o objetivo de debater e refletir sobre temas do cotidiano. Você já esteve lá? Não perca este passeio.

Parque da Juventude

Av. Zaki Narchi, 1309 – Carandiru – São Paulo.

Horário de funcionamento: de segunda a domingo, das 6h às 18h (as quadras funcionam de segunda a sábado, das 6h à 0h. Domingos, das 6h às 22h).

Tel.: (11) 2251-2706/ (11) 2089-8600.

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Foto: Nelson Kon
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Luciana Cotrim
the authorLuciana Cotrim
Paulistana até a alma, nasceu no Hospital Matarazzo, no coração de São Paulo. Passou parte da vida entre as festas da igreja Nossa Senhora Achiropita, os desfiles da Escola de Samba Vai-Vai e as baladas da 13 de maio no bairro da Bela Vista, para os mais íntimos, o Bixiga. Estudou no Sumaré, trabalhou na Berrini e hoje mora em Moema. Gosta de explorar a história e atualidades de São Paulo e escreveu um livro chamado “Ponte Estaiada – construção de sentidos para São Paulo” resultado de seu mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC. É consultora em planejamento de comunicação e professora de pós-graduação no Senac.

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