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Série Avenida Paulista: uma série do palacete Taufik Camasmie

A Série Avenida Paulista desta semana tem uma grande novidade. Fará uma série dentro da série. Em algumas semanas contaremos a história de um dos últimos casarões demolidos na Avenida Paulista, que ficava quase na esquina da Avenida Consolação. Publicados semanalmente, serão 3 ou 4 artigos que chamaremos de Série Palacete Camasmie.

O lindo palacete pertenceu a Taufik Camasmie e, com certeza, muita gente vai lembrar dele.

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Foto publicada no jornal Folha de São Paulo, de 25 de janeiro de 1985 em matéria sobre o aniversário da cidade de São Paulo.

Esse desafio só foi possível pela grata e gentil colaboração de uma descendente da família: a Marcia Camasmie Dib, neta do Sr. Taufik Camasmie.

A Marcia realizou uma riquíssima pesquisa para seu trabalho de graduação na Faculdade de Arquitetura da USP, intitulado “Produzindo o Ecletismo: estudo de um caso da avenida Paulista (1975-1985)”  que versou sobre a construção do palacete. Parte deste belíssimo estudo será mostrado aqui, em seu original, datilografado e com as fotos em papel. Maravilhoso.

É fundamental registrar que a Marcia abriu sua casa, seus armários e sua memória para contribuir com nosso trabalho e compartilhar com todos nós essa riqueza histórica de nossa cidade. Isto é generosidade pura!  Marcia, muito, muito obrigada por nos dar essa oportunidade sem igual!

Começamos pelo que conseguimos levantar da história do lugar, antes ainda da construção do Palacete Camasmie. Entre 1917 e meados da década de 1920, a casa que se encontrava no terreno estava registrada no nome de Bento Loeb & Cia, conforme as listas telefônicas da época.

Este também era o nome de uma das principais joalherias paulistanas no início do século passado. A Casa Bento Loeb estava localizada no centro da cidade, à na Rua XV de novembro e era muito conhecida pela elite paulistana. Seus anúncios de jornais mostram o espírito da época.

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Propaganda publicada no jornal diário “O Correio Paulistano”, a terceira parte mostra a entrada da loja.

Como escreveu, Carolina Massaro, “A principal rua da cidade era a 15 de novembro, onde estavam as lojas mais sofisticadas, geralmente com nomes franceses, como a Pygmalion (de roupas) e a joalheria Bento Loeb. Lá também ficava a galeria Werbendoefer, com 36 lojas no térreo e 54 escritórios no primeiro andar. Sua cobertura era de cristal. A redação de O Estado de S. Paulo e de outros jornais ficavam na 15 de novembro, bem como a sede de bancos e de clubes, como o Jockey”.

Tudo acontecia na Rua XV de novembro, e a Casa Bento Loeb era um de seus atrativos, com suas vitrines especiais, lançamento e espaço pata tomar chá. A sociedade paulistana era frequentadora assídua da joalheria e casa de presentes.

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Cartão Postal da década de 1920, que mostra a Rua XV de novembro. A escrita convida o destinatário a conhecer a rua.

Os proprietários da Casa Bento Loeb eram os irmãos Marc, Felix e Bento. Felix morava na Avenida Brigadeiro Luis Antonio, acreditamos que Bento Loeb morava na casa da Avenida Paulista, mas não temos informações sobre ela. Parece que durante um determinado período funcionou como um showroom da Casa Bento Loeb, mas não podemos afirmar com certeza.

Entre o início e o meio da década de 1920 a casa não aparece nas listas telefônicas, voltando a constar em 1927, em construção, já em nome de Taufik Camasmie.

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Sr. Taufik Demétrio Camasmie.

Com a contribuição de Marcia Dib, descobrimos que o Sr. Taufik se mudou para a Avenida Paulista em 1917, para uma casa alugada no número 3 da avenida, entre a Avenida Angélica e a Rua Minas Gerais. A casa chamava-se Vila Julieta, homenagem a esposa do proprietário Benedito Rolim de Oliveira. Era uma casa grande, com 3 dormitórios, porão alto e pomar nos fundos.

Ficamos sabendo também que foi em 1918 que o Sr. Camasmie comprou a casa do número 18 da Paulista, contrariando a informação da lista telefônica. Abaixo um trecho do trabalho de Marcia que conta sobre a compra do imóvel:

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Essa breve descrição nos sugere a grande história que contaremos sobre este palacete e seu proprietário Taufik Camasmie. Acompanhe na próxima semana a continuidade da Série Palacete Camasmie, dentro da Série Avenida Paulista, com a história da construção do palacete.

Magnífico. Até lá!

 

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Luciana Cotrim
the authorLuciana Cotrim
Paulistana até a alma, nasceu no Hospital Matarazzo, no coração de São Paulo. Passou parte da vida entre as festas da igreja Nossa Senhora Achiropita, os desfiles da Escola de Samba Vai-Vai e as baladas da 13 de maio no bairro da Bela Vista, para os mais íntimos, o Bixiga. Estudou no Sumaré, trabalhou na Berrini e hoje mora em Moema. Gosta de explorar a história e atualidades de São Paulo e escreveu um livro chamado “Ponte Estaiada – construção de sentidos para São Paulo” resultado de seu mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC. É consultora em planejamento de comunicação e professora de pós-graduação no Senac.

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