A evolução do bairro da Liberdade já se confunde com a história de transformações do país e está ligada tanto à chegada dos japoneses, quanto aos demais que vieram posteriormente, em sua maioria também asiáticos.
De acordo com a Associação dos Lojistas da Liberdade, em 1968, na inauguração do Viaduto Osaka, o então prefeito Paulo Maluf sugeriu que a região passasse a ser conhecida como Bairro Oriental, já que coreanos e chineses faziam parte dos habitantes. Lanternas “suzurantô” foram instaladas nas principais ruas do bairro, como adorno turístico, característica que destaca suas ruas.
O nome Liberdade, porém, remonta a um passado anterior ao da imigração: ao da época da escravidão, quando o local era conhecido como Largo da Forca (ou Praça dos Enforcados).
A mudança de nome de Praça dos Enforcados para Praça da Liberdade apresenta um significado social, religioso e filosófico: a liberdade, quando não atingida em vida, poderia ser conquistada com a morte.
Após a abolição da escravidão (Lei Áurea, 13 de maio de 1888), o incentivo à imigração foi uma das soluções encontradas pelo governo brasileiro para a manutenção da principal atividade econômica da época. De fora do país vieram trabalhadores que se tornaram colonos, a principal mão de obra a substituir o trabalho escravo nas fazendas de café, dentre eles os japoneses.
A Liberdade de hoje abriga, além de restaurantes e comércio refinados, diversos centros culturais, um completo Museu para contar a história da maior colônia nipônica do mundo: a de tantas famílias, que procuravam uma nova vida, no campo (café) ou até na cidade, onde acabavam trabalhando em marcenarias, se tornavam pintores ou até caseiros em residências brasileiras.
No sentido oposto ao da Praça da Liberdade (onde havia a forca), ali na mesma Rua Galvão Bueno, há outro prédio que se destaca: a sede da Força Sindical, onde trabalhadores se candidatam diariamente a novas oportunidades de trabalho e recebem apoio para suas causas, ironicamente muitas das quais semelhantes às que levaram o soldado Chaguinhas a ser executado na forca.
Apenas um adendo. A igreja de Santa Cruz das Almas dos Enforcados está na praça da Liberdade, antigo Largo da Forca, hoje esquina da rua dos Estudantes com a Avenida Liberdade. A travessa da rua dos Estudantes, chamada de Beco dos Aflitos, é onde está a capela de Nossa Senhora dos Aflitos, remanescente do antigo cemitério de mesmo nome. E Viva Chaguinhas!