Você já parou para pensar porque existem tantos alagamentos e enchentes na cidade de São Paulo? Ou de onde vem nomes como Vale do Anhangabaú ou Águas Espraiadas? Ou se a forma do Rio Pinheiros é original? As respostas de todas essas questões estão relacionadas aos cerca de 300 rios ocultos e córregos da cidade de São Paulo que foram canalizados ou redesenhados, além de poluídos.
“Água não falta, o que falta é a percepção dela.”
(José Bueno, urbanista e fundador do projeto “Rios e Ruas”)
O documentário “Entre Rios”, realizado em 2009 por estudantes do curso de Audiovisual do SENAC-SP com a colaboração de muitos outros profissionais, conta a história da cidade de São Paulo a partir dos rios e contextualiza urbanisticamente as grandes alterações realizadas nos corpos d´água da cidade, que resultaram no paradoxo atual da falta de água para consumo simultânea ao excesso de enchentes.
Apesar dos inúmeros problemas relacionados à água em São Paulo e no Brasil, ainda existem razões para comemorar o Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22 de março. E duas dessas razões são os projetos “Rios e Ruas” e “Rios (In)visíveis” que visam dar visibilidade para os rios escondidos de São Paulo através do mapeamento e da aproximação afetiva dos corpos d´água.
“Rios e Ruas”
O projeto “Rios e Ruas”, criado em 2010, atua em diversas cidades promovendo oficinas e expedições de exploração das cidades para reconhecimento e descoberta da natureza – principalmente nascentes e córregos – presente nas entrelinhas urbanas, além de oferecer um site com bastante material interessante sobre a água no espaço urbano. A iniciativa visa criar uma compreensão afetiva do espaço urbano, modificar o olhar dos cidadãos diante dos rios escondidos e conscientizar as pessoas tanto sobre a importância da natureza urbana quanto sobre que cidades deixaremos para as próximas gerações.
”Não existe nenhum lugar da cidade em que você esteja a mais de 200 metros de um curso d’água.”
(Luiz de Campos, geógrafo e fundador do projeto “Rios e Ruas”)
“Rios (In)visíveis”
Já o projeto “Rios (In)visíveis” foi criado em 2014 pelo Coletivo Escafandro, a partir da participação no EcoHack World, evento focado em propostas inovadoras para a temática ambiental que desenvolvessem bancos de dados, mapeamentos e outras ferramentas para a apresentação e organização de conteúdos que promovam uma melhor compreensão do meio ambiente. O coletivo decidiu focar numa realidade pouco conhecida pela maioria dos paulistanos, a dos corpos d´água enterrados de São Paulo que chegam de 3.500 km de extensão no subsolo, principalmente, abaixo do sistema viário da cidade.
A partir dos dados do Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais no Município de São Paulo (PMAPSP), foi realizada a primeira versão do mapa utilizando os instrumentos Mapbox e Mapas Coletivos, que pode ser acessada aqui. O mapeamento transformou-se em um site colaborativo onde é possível compartilhar e ler histórias relacionadas aos corpos d´água de São Paulo. As histórias são contadas em primeira pessoa, para que os leitores reflitam sobre sua própria relação com essas águas submersas. O projeto, portanto, é uma forma de aproximar os cidadãos paulistanos da hidrografia paulistana, escondida, mas existente.
Iniciativas como o documentário “Entre Rios” e os projetos “Rios e Ruas” e “Rios (In)visíveis” evidenciam o início da transformação das relações entre os cidadãos, as cidades e a natureza. A saturação da exploração dos recursos hídricos e o aumento da conscientização fazem com que essas relações sejam gradualmente mais afetivas e contribuam para uma transformação sustentável da cidade.
Alguém sabe pq porto da ladeira, ali na 25 de março? 🙂
Se eu nao me engano era pq no fim da ladeira tem o rio tamanduateí
É isso mesmo, aliás, falei errado, é ladeira porto geral. nela ficava um porto que atendia o Mercado Velho com mercadorias transportadas por barcos que navegavam pelo rio.
O leito dos rios de São Paulo era suficiente para a pluviosidade quando a maior parte da água era absorvida pelo solo e lentamente escoava para as nascentes. Para solucionar o problema das enchentes sem mexer no redimensionamento das calhas enterradas, este fator deverá ser reconsiderado.