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Série Avenida Paulista: do palacete de Sampaio Moreira ao Edifício Santa Catarina.

A Série Avenida Paulista desta semana rastreou o local onde se encontrava a mansão de Sampaio Moreira para identificar a trajetória de ocupação do imóvel naquele local, onde atualmente encontra-se o Edifício Santa Catarina, em frente ao hospital de mesmo nome.

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A primeira notícia que encontramos deste endereço dá conta que, em abril de 1013, o terreno pertencia a Ernesto de Castro, também proprietário da Casa das Rosas.

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Ernesto Dias Castro, proprietário da casa das Rosas.

O irmão do Ernesto, Mario Dias de Castro (veja a história neste link) também tinha casa vizinha a de Ernesto, o que faz supor que a família era proprietária de parte daquelas terras já próximas ao Paraíso. Descobrimos essa relação por causa de uma nota publicada no Correio Paulistano, em que a Prefeitura intimou Ernesto de Castro a realizar uma limpeza no terreno.

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Essa situação deve ter permanecido inalterada por muitos anos, em nossa pesquisa identificamos uma outra notícia do final de 1925, que convoca o Sr. Luis Carlos Berrini para realizar modificações na construção no endereço.

Sabemos que o engenheiro Luis Carlos Berrini (o que dá nome à avenida), nesta época, dedicou-se à construção civil, realizando muitas e importantes obras de residências, tendo publicado o primeiro livro sobre “Avaliação de Terrenos”, que se tornou um padrão para avaliação financeira de terrenos residenciais.

Concluímos, então, que o engenheiro trabalhava para algum capitalista que estava construindo um palacete na Avenida Paulista. Podemos supor que seria o Coronel Henrique da Cunha Bueno, pois seu nome consta na lista telefônica de 1930.

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Coronel Henrique da Cunha Bueno.

O Cel. Henrique da Cunha Bueno foi um grande proprietário de terras no interior de São Paulo.  Segundo informações da Sra. Maria Luiza Alves Lima, estudiosa da história do município de Ipaussu, o coronel “nasceu em Rio Claro, em 15 de março de 1864, oriundo de uma das mais distintas e fidalgas famílias paulistas. Era filho de Francisco da Cunha Bueno e D. Eudoxia Baptista de Oliveira. (..)

Veio para Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo em 1896 e adquiriu importantes propriedades agrícolas. A Fazenda Bela Vista ele comprou do Cel. João Baptista Botelho e outros. Era ainda bem moço quando se mudou para ilha Grande (..).

Metódico, econômico, conquistou um grande capital que propiciou a compra de outras propriedades neste município e Santa Cruz do Rio Pardo (..), tornando-se um dos maiores proprietários de terra nesta zona. Foi escolhido para ocupar os cargos de vereador e subprefeito do distrito de Ilha Grande. (…). Foi eleito prefeito municipal na primeira legislatura que foi de um ano, e na segunda, reeleito pelos relevantes serviços que prestou no 1º exercício à frente da Prefeitura do recém-criado município.(…).

Casou-se com D. Sebastiana que, após sua morte, herdou a liderança política e assumiu a direção das fazendas em Ipaussu.

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Sebastiana Cunha Bueno.

D. Sebastiana Cunha Bueno foi uma fazendeira inovadora e competente, trouxe qualificação para suas fazendas de café, além de ser uma exímia provadora do fruto, sendo condecorada por Getúlio Vargas pelas contribuições que fez pela cafeicultura brasileira. Em 1946, em Ipaussu, tornou-se uma das primeiras prefeitas do Brasil.

Não sabemos se a família chegou a morar no palacete da Avenida Paulista, mas pelo histórico, acreditamos que não. Pensamos que a casa tenha sido alugada ou usada nos períodos em que a família vinha para a capital.

Depois da família Cunha Bueno, a mansão aparece no nome de José de Sampaio Moreira, família que por mais tempo residiu neste endereço.

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José de Sampaio Moreira

José Sampaio Moreira, nasceu em dezembro de 1865, era filho de Francisco de Sampaio Moreira e Carlota Leonor Sampaio Moreira. Casou-se com Guilhermina Barros Poyares. O casal teve 3 filhos.

Para contar sua história, apresentamos um trecho de uma entrevista realizada com Renato Oliva e Cecília Sampaio Moreira, que foi publicada no texto “Sampaio Moreira: de Portugal, ao centro da cidade de São Paulo, à terra roxa da Fazenda Santa Carlota”.

Os irmãos Sampaio Moreira vieram de Trás-os-Montes, de uma região de pessoas que tinham muito tino para o comércio.

Ele era meu bisavô e era bisavô dela, por que nós somos primos. Eu comentei com você que o avô da Cecília, é o senhor José Sampaio Moreira, que era filho do primeiro português que veio pro Brasil pra ganhar dinheiro: o Francisco Sampaio Moreira. Ele era pai do José, de apelido Juca, e da minha avó Carlotinha, que é aquela lá em cima, do lado direito, ali perto daquele castiçal (mostra quadro). E a minha avó, Carlota, era irmã – a mãe da minha mãe – era irmã do avô paterno da Cecília. (…) Ele veio ganhar dinheiro no Brasil, chegou no Brasil, chegou em São Paulo. A loja, que instalou em São Paulo pegou fogo, na Rua do Comércio, hoje a Rua Álvares Penteado. Carlota e Francisco ficaram casados alguns anos e eles tiveram três filhos.

Em relação à Fazenda Santa Carlota, propriedade da família, o casal contou que “ foi fundada por Francisco e por José de Sampaio Moreira, principalmente por José de Sampaio Moreira, em 1899. José casou-se com D. Guilhermina Sampaio Moreira, em 13 de fevereiro de 1886.

Sobre o lado capitalista de José, o casal diz:

“Ele tinha a casa bancária Sampaio Moreira que emprestava dinheiro a juros, por que havia os grandes bancos tradicionais aqui em São Paulo, que era o Banco Comercial do Estado de São Paulo, que era da família Whitaker, tinha o Banco do Comércio e Indústria de São Paulo, que era da família Numa de Oliveira, tinha o Banco de São Paulo, que era dos Almeida Prado.

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Verificamos que além dos negócios financeiros, o empresário também investiu em outros segmentos, como o de seguros, conforme vemos no anúncio da Metrópole – Companhia Nacional de Seguros Gerais, publicado no jornal do período.

Além disso, realizou muitos investimentos na construção civil, sendo que José de Sampaio Moreira construiu um dos prédios históricos e mais emblemáticos de São Paulo, que leva seu nome.

O Edifício Sampaio Moreira localiza-se na Rua Líbero Badaró, na região central da cidade. Foi inaugurado em 1924, com projeto arquitetônico de Christiano Stockler e Samuel das Neves. Com 12 pavimentos e 50 metros de altura, o edifício foi o mais alto da cidade entre 1924 e 1929, quando foi superado pelo Martinelli.

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Edifício Sampaio Moreira. Foto: Dornicke

Foi administrado e utilizado pela família Sampaio Moreira como edifício comercial. Desde o início, em seu pavimento térreo, estava a Mercearia Godinho, tradicional estabelecimento comercial de São Paulo.

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A casa, no centro da imagem, na foto aérea da Avenida Paulista, realizada em agosto de 1980. Foto: Deuzelindo Lino Do Amaral‎

A entrevista continua e assim descobrimos a única informação sobre a casa da Avenida Paulista: “José de Sampaio Moreira foi mais comerciante de tecidos, e ele tinha uma carteira de empréstimos bancários, tanto que a casa da Avenida Paulista foi comprada através de uma hipoteca (..)”.  Hipoteca?? Será que foi da família Cunha Bueno? É um pouco estranho, não acham?

Uma história que identificamos em relação à casa, foi uma notícia publicada em 29 de maio de 1936, sobre um copeiro, contratado pela família, que, em seu primeiro dia de trabalho, roubou 500 mil réis de uma carteira. A matéria da época até é bem-humorada. Vale a leitura….

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A última foto que encontramos, mostra a demolição da casa. Interessante notar na imagem o que o autor da foto, Helio Greco, disse em uma página do facebook: “onde era o banheiro, um belo recado a quem não enxergou o tesouro que estava prestes a acabar…’. A frase pintada ” Da força… da graça… que ergue e destrói ciosas belas”, referência a canção Sampa de Caetano Veloso.

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Demolição da casa de Sampaio Moreira. Foto: Helio Greco.

No local onde se encontrava a casa de Sampaio Moreira na Avenida Paulista, atualmente está o Edifício Santa Catarina.  O prédio, que conta com projeto arquitetônico de Ruy Ohtake, tem 17 andares de escritórios, sendo que o 18° andar é um auditório e o térreo tem pé-direito duplo.

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A Revista Arcoweb publicou que quando foi “chamado para projetar um edifício na Paulista, Ruy Ohtake (…) pretendeu criar mais um marco na história arquitetônica do local” Ele disse que “as épocas da Paulista estão assinaladas por uma série de construções: os casarões de comerciantes enriquecidos e de cafeicultores do início do século passado; os primeiros edifícios residenciais e comerciais, da metade do século – com destaque para o Conjunto Nacional, de uso misto -, e os mais recentes. Quis marcar o lugar com uma edificação do século 21”, explica”.

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Estruturado em apenas quatro pilares, com vãos de 20 metros, com quinas arredondadas. Por fora, a curvatura é acentuada por frisos vermelhos, que ritmam o encaixamento. Do quarto ao sexto andar, os escritórios foram recuados, sendo que os primeiros andares são quase o dobro do tamanho.

Descobrimos que, antes da construção, que aconteceu entre 2003 e 2006, o terreno era de propriedade do Hospital Santa Catarina e que, na negociação com a incorporadora, o lote foi trocado por alguns andares do empreendimento. Veja só: será que a família Sampaio Moreira doou o terreno para o hospital? Alguém saberia dizer?

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Dentro do prédio esta exposto um quadro relembrando a casa de Sampaio Moreira.

A Arcoweb, ainda descreveu que “de início, o hospital desejava ocupá-los com um centro clínico, ampliando assim suas instalações. Como se trata de um uso específico, com trânsito de pacientes, por exemplo, criou-se um acesso independente para esses pisos. Por isso, há no térreo dois halls: um maior, para o prédio em si (do quarto ao 18° pavimento); e outro menor, à esquerda, para os três andares do centro clínico proposto, com elevadores independentes (um deles até com dimensões que permitem acomodar uma maca). Contudo, o hospital resolveu alugar seus espaços para uma única empresa, que, assim, ganhou um grande diferencial, com entrada exclusiva e logomarca no térreo”. Essa empresa é a Copersucar.

Encerramos com detalhes deste moderno edifico. Até o próximo domingo!

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Luciana Cotrim
the authorLuciana Cotrim
Paulistana até a alma, nasceu no Hospital Matarazzo, no coração de São Paulo. Passou parte da vida entre as festas da igreja Nossa Senhora Achiropita, os desfiles da Escola de Samba Vai-Vai e as baladas da 13 de maio no bairro da Bela Vista, para os mais íntimos, o Bixiga. Estudou no Sumaré, trabalhou na Berrini e hoje mora em Moema. Gosta de explorar a história e atualidades de São Paulo e escreveu um livro chamado “Ponte Estaiada – construção de sentidos para São Paulo” resultado de seu mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC. É consultora em planejamento de comunicação e professora de pós-graduação no Senac.

32 Comentários

  • Na Europa eles sabem a importância de preservarem a história. Não sou contra a evolução no âmbito arquitetônico, até admiro e vejo beleza, mas acredito que dê para preservar prédios, casarões históricos, sem a necessidade de derruba-los. Porque não constroem esses edifícios metálicos e espelhados em áreas onde não existam nada. Qual a necessidade de demolir uma história para dar lugar a outra? Mas, infelizmente, sabemos que a especulação imobiliária é quem manda nessa cidade, e o poderio capitalista impera.

      • Eu fiquei um tanto decepcionado com o estado em que se encontra a fachada em geral da Casa das Rosas: já reparou que falta parte do gradil do alto da mansarda, parte dos ornamentos das janelas quadradas da mesma e a porta que vai da cozinha para os fundos, que se encontra enferrujada e parcialmente corroída?

    • O problema não é o capitalismo em si, mas como fazer uso dele. Afinal, os países europeus que preservam seus monumentos e edificações históricos são capitalistas e boa parte dos recursos destinados aos projetos de restauro, requalificação e manutenção advém de captações viáveis somente em um sistema capitalista. Fundamentais são educação, cultura e memória. Ou seja, tudo o que o Brasil não tem.

    • Sim, deveras.
      O capitalismo é presente em qualquer parte do mundo, realmente é necessário, mas a minha menção ao capitalismo é referente ao grande crescimento das empresas nos locais, onde o comércio (empresa) é mais importante do que a preservação desses locais.
      Não sou contra, como disse, apenas acredito que deveriam construir em espaços vazios, ou onde não possuam essas mansões e edifícios que guardam nossas memórias de uma cidade que precisa preservar sua história, seja na arquitetura ou de qualquer outra forma.
      O casarão Franco de Mello, ainda é alvo de discussão, mesmo tombado, e sofre com a disputa pelo governo paulista e seus proprietários, enquanto isso o prédio sofre com a deterioração do tempo, embora sua beleza esplendorosa ainda possa ser admirada. Mas até quando?
      Primeiro, se tomba um palacete, espera-se cair, ops, caiu de velho, vamos construir um prédio novo aqui. É isso que acontece com prédios antigos em SP, não há uma preocupação em preservar, restaurar
      e mantê-los abertos para o deslumbramento do público, que só podem admirar estas construções do lado de fora das grades.

    • Concordo com o que os dois disseram, são opiniões complementares. Não temos uma política pública voltada para a preservação, mas temos políticas para o crescimento imobiliário, como as Operações Urbanas Consorciadas. Deveríamos ter o mesmo tipo de lei para a conservação do patrimônio. Constrói mas recupera o patrimônio e a história.

  • Boa noite my dear……pena esses palacetes terem sido demolidos. Não me lembro dele quando ainda estava em pé. Sinto uma tristeza imensa ao ver essas fotos.
    Me lembro da Paulista nos anos 60. Era estreita se comparada aos dias de hj.
    ??????????????

    • Ivan, como vai? Eu escrevo os textos da Avenida Paulista. Por acaso, você é descendente da família Cunha Bueno? Converso com muitos descendentes para obter informações e imagens para enriquecer os fatos históricos. Se este for o caso, você poderia contribuir?

    • Boa noite Luciana.
      Minha fml é Franco Bueno. Franco de Campos. Franco da Rocha e Franco de Godói.
      Cunha Bueno não. Tenho muitas fotos antigas em meu poder mas não sei se seriam de seu interesse. Atualmente moro em ilhabela.

    • Ivan Bueno Muito obrigada pelo esclarecimento. Tenho interesse por fotos antigas de São Paulo, atualmente escrevo sobre a Avenida Paulista e, por isso, estou mais focada nela. Se tiver alguma foto antiga da Paulista ou mesmo de São Paulo, e quiser compartilhar, será maravilhoso. Agradecemos a contribuição.

  • Parabéns mais uma vez Luciana, adorei a matéria, principalmente a reportagem sobre o roubo. Também acho que muitos casarões poderiam ter sido preservados.
    Infelizmente uma grande massa de pessoas nesse país pouco está ligando para preservação da nossa história. Eu trabalho no arquivo público do estado, onde temos documentos do sec.XVII e muitas outras preciosidades. Mas, muitos que aqui trabalham, acham que só tem papel velho, como dizem!! essa é a mentalidade do povo brasileiro.

    • Mari Emilia, muito obrigada. É uma grande satisfação receber uma mensagem sua. Escrevo, por prazer, histórias do passado paulistano buscando gerar interesse nas pessoas para o resgate e preservação de nosso patrimônio. Receber um comentário de uma profissional é um reconhecimento que me orgulho. Não conheço o Arquivo Público do Estado, pensei em ir lá para conhecer e pesquisar informações. Será que eu encontraria dados relativos à Avenida Paulista? Qualquer pessoa pode visitar ou é necessário uma autorização ou ser um pesquisador acadêmico? Quem sabe, se eu puder, podemos nos conhecer. Mais uma vez obrigada e desejo um excelente 2017 para você.

  • A foto mostrada da demolição, além de citar aquele verso conhecido do Caetano Veloso na canção “Sampa”, mostra como se tivessem lançado uma bomba contra a fachada da casa. Se não me engano, li uma matéria num exemplar da Folha de S. Paulo, onde diz que em meio aos escombros foram encontrados um armário com as roupas do caseiro e uma boneca de porcelana com roupa de linho e fios de ouro.

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