CURIOSIDADESSP ANTIGO & MODERNO

Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur

Nesta semana a Série Avenida Paulista conta a história de um imóvel que ainda existe e têm sua função social: o Instituto Pasteur, que fica no número 393 da avenida.

Vamos novamente por conta de tempo e por divulgação do que já foi publicado, trazer imagens e trechos de outros escritos que já contaram essa história. Começamos com parágrafos (que estão entre aspas) da parte inicial do artigo “Instituto Pasteur de São Paulo: cem anos de combate à raiva” de autoria de Luiz Antonio Teixeira, Maria Regina Cardoso Sandoval e Neide Yumie Takaoka.

“O Instituto Pasteur de São Paulo foi criado em 1903 como uma instituição privada e filantrópica, por um grupo de médicos e beneméritos paulistas interessados no desenvolvimento das ciências biomédicas e da saúde coletiva no estado (…).

Em 1895, quando os telégrafos anunciaram a descoberta da vacina contra a raiva pelo eminente cientista francês Louis Pasteur, o governo de São Paulo intentou a criação de uma instituição com a denominação de Instituto Pasteur, que deveria se dedicar ao tratamento profilático dessa doença, responsável por muitas vítimas fatais no estado”.

louis pasteur foto av felix nadar crisco edit 500x281 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur
Pasteur era muito amigo de D. Pedro II, que por diversas vezes tentou trazê-lo para o Brasil parra tentar uma vacina contra a febre amarela. que assolou o país em meados de 1800. D. Pedro II ajudou financeiramente as pesquisas do cientista contra a raiva. Foto: Louis Pasteur, autoria de Felix Nadar.

“O Instituto Pasteur de São Paulo acabou se estabelecendo pela ação de um grupo de médicos e filantropos da sociedade local. Tudo começou com a iniciativa do jovem médico Ulysses Paranhos e do clínico português Bittencourt Rodrigues, que moveram uma campanha com o objetivo de criar uma instituição antirrábica na cidade. Logo, Ignácio Wallace da Gama Cochrane, ex-deputado e diretor da Superintendência de Obras Públicas do estado, e o desembargador José Maria do Valle encamparam a ideia, conseguindo fundos junto à elite econômica paulista para estabelecer o instituto, que seria inaugurado em 5 de agosto de 1903.

(…). Em 18 de fevereiro de 1904 a instituição foi inaugurada oficialmente no prédio à avenida Paulista, onde se encontra até os dias de hoje. O imóvel pertencia a um grupo de médicos e funcionava como uma casa de saúde. Fora adquirido, em 1903, com dinheiro proveniente de doações e logo passou por um conjunto de pequenas reformas”.

instituto pasteur em 1904 500x358 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur

O edifício original teve projeto do arquiteto Carlos Milanese, de 1895, e foi construído para ser uma clínica de saúde. Fotografia do prédio original, de 1904, no mês de inauguração do instituto. A construção em estilo neoclássico italiano, tinha acabamento de tijolos à vista e molduras com frisos e cantoneiras. Na época passou por adaptações internas para abrigar o serviço e a produção de vacinas antirrábicas.

“(..). Após várias tentativas de se contratar um renomado cientista estrangeiro para dirigir a instituição, no final de 1905 o médico italiano Antonio Carini, na época trabalhando em Berna, na Suíça, aceitou ocupar o cargo. O período de 1906 a 1915 foi bastante profícuo para o instituto, que sob a direção de Carini transformou-se em uma importante instituição antirrábica, também voltada para pesquisa e atividades de formação de quadros técnicos no campo da microbiologia. Além disso, o Instituto Pasteur dessa época também produzia e comercializava diversos produtos de uso médico e veterinário, como vacinas, soros e reagentes para diagnósticos.

(…). Em 21 de março de 1916 efetivou-se a doação da instituição ao governo paulista, marco de encerramento da primeira fase do Instituto Pasteur de São Paulo.

Durante dois anos o serviço antirrábico do estado funcionou de forma provisória no Instituto Bacteriológico, enquanto o prédio do Instituto Pasteur era reformado. Em 1918 o instituto foi reinaugurado como instituição estadual”.

instituto pasteur av paulista 1903 500x334 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur

Após a reforma concluída em 1918, na qual o prédio foi totalmente descaracterizado e adaptado ao estilo eclético tão em voga neste período. As paredes foram cobertas de massa raspada, com molduras em torno das janelas e, abaixo delas, quadros com rosáceas. Foi feita uma claraboia, que tinha um vitral com desenhos de flores, que permaneceu até a reforma de 1970, quando foi retirada.

Seu prédio ganhou novas feições. Para dirigi-lo foi convidado o médico Eduardo Rodrigues Alves, que permaneceu 30 anos à frente da instituição”.

10x8 copia 500x366 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur

O Presidente do Estado de São Paulo, Altino Arantes, chegando ao Instituto Pasteur do dia de sua reinauguração. Observa- se uma Avenida Paulista com poucas casas, calçadas largas e os famosos ipês amarelos, retirados em 1970 quando do alargamento da avenida.

10x11 copia 500x288 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur

Evento de reinauguração, na sala de reuniões estão o Presidente do Estado de São Paulo, Altino Arantes e, o então Prefeito da cidade de São Paulo, Washington Luís, (segundo e terceiro à esquerda) que se tornou Presidente do Brasil entre os anos de 1926 e 1930. As cadeiras permanecem até hoje compondo a sala de reuniões.

“De modo muito geral, podemos dividir a história do Instituto Pasteur em quatro grandes fases. A primeira, quando ele ainda era uma instituição privada, é marcada por seu grande desenvolvimento no campo do tratamento antirrábico associado à pesquisa, ao ensino e à elaboração de produtos biológicos”.

instituto pasteur 1925 500x363 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur
Instituto Pasteur em 1925.

“Na segunda fase, já sob o controle do estado de São Paulo, trilhou períodos de maior ou menor desenvolvimento, conforme os momentos políticos e econômicos do país, tendo sua atuação, na maior parte do tempo, limitada ao diagnóstico e tratamento da raiva e sofrendo dificuldades de se fazer ouvir acerca de suas propostas para o controle da doença”.

a medicina no brasil ao longo dos tempos i 500x693 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur
Foto 1. Altino Arantes, à época o Presidente do Estado de São Paulo, Oscar Rodrigues Alves, Candido Mota, em visita ao Instituto Pasteur; Foto 2. Viveiros de animais: coelheiras e canis; Foto 3. Visitantes em pose para a revista “A Cigarra”, em 1919.

“Na década de 1970 o instituto ingressa na terceira fase de sua história, retomando sua vocação de uma ação mais ampla de combate à raiva, que engloba o controle diagnóstico e o tratamento da doença.

(…) A partir de 1996, quando se tornou responsável por todas as questões relacionadas com a raiva, a instituição se aprimora e colhe os frutos de seus esforços, caracterizando-se como laboratório de referência nacional para a doença e coordenando os sistemas de controle e avaliação dos laboratórios de raiva dos Ministérios da Saúde e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

(…) No âmbito estadual, reunindo todas as atividades relativas ao controle da raiva, o Instituto Pasteur integra profissionais de diferentes formações, o que facilita o equacionamento das questões nas diversas áreas dedicadas ao controle da doença”.

instituto pasteur 2003 500x281 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur

Acima vemos o prédio no ano de seu centenário, em 2003, que na época já contava com equipamentos de última geração e pesquisas de ponta sendo realizadas.

Durante os anos seguintes, o instituto diversificou sua atuação, inclusive sendo utilizado como local de vacinação contra a gripe A (H1N1), como mostra a foto, de 2010, da fila de pessoas para receber a vacina, na rua lateral do instituto.

vacina 620 500x190 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur
Foto: Werther Santana/Agência Estado

Em 2012 para adequar as instalações e cuidar da construção de mais de 100 anos, começou uma nova reforma no prédio que foi terminada em 2014. Durante parte deste período, o instituto foi fechado e o prédio sofreu com pichações e descuidos.

pasteur pixado 500x375 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur

Em julho de 2014, Edson Veiga escreveu em matéria do jornal Estado de São Paulo: “Depois de dois anos de obras e investimentos de R$ 927,8 mil, o centenário prédio-sede do Instituto Pasteur, na Avenida Paulista, está pronto. “É uma história que não vai ter fim”, comenta o secretário de Estado da Saúde, o médico infectologista David Uip. “Este casarão tem inestimável valor para a história da saúde pública paulista.”

“Referência nacional em controle da raiva animal e humana, o Pasteur teve restauradas a fachada e os muros do prédio, com a recuperação e a pintura da estrutura centenária, instalação de um sistema de drenagem de águas pluviais, e revestimento de mármore da escada de acesso da entrada principal, que foi totalmente refeita. Além disso, também foi reformado o piso e substituídas as instalações elétricas e hidráulicas.

O prédio também recebeu nova estrutura para elevadores. “Todos os problemas do prédio foram resolvidos”, comemora o secretário. O instituto adquiriu ainda novos equipamentos, como incubadoras, microscópios e freezers”.

2016 11 20 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur
Esta foto e a no início do texto são de autoria de Virginia Lima

Em dezembro de 2016 foi assinado um acordo de cooperação entre o Instituto Pasteur, a instituição francesa que foi a primeira a isolar o HIV, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade de São Paulo (USP) para desenvolvimento de novas pesquisas, Mais de 125 anos depois, a instituição permanece atualizada e moderna.

Terminamos com uma linda gravura em aquarela de autoria de Fernanda Grimberg Vaz de Campos publicado em março de 2017 no site da Revista Vitruvius. Boa semana!

desenho 500x295 - Série Avenida Paulista: a história do Instituto Pasteur

 

Compartilhe!
Luciana Cotrim
the authorLuciana Cotrim
Paulistana até a alma, nasceu no Hospital Matarazzo, no coração de São Paulo. Passou parte da vida entre as festas da igreja Nossa Senhora Achiropita, os desfiles da Escola de Samba Vai-Vai e as baladas da 13 de maio no bairro da Bela Vista, para os mais íntimos, o Bixiga. Estudou no Sumaré, trabalhou na Berrini e hoje mora em Moema. Gosta de explorar a história e atualidades de São Paulo e escreveu um livro chamado “Ponte Estaiada – construção de sentidos para São Paulo” resultado de seu mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC. É consultora em planejamento de comunicação e professora de pós-graduação no Senac.

9 Comentários

Deixe um comentário

banner loja