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Série Avenida Paulista: a mansão das famílias Rocha Azevedo, Hannud e o Natal

Nesta semana a Série Avenida Paulista apresenta uma mansão que ainda existe na Avenida. A casa foi de propriedade de Álvaro Gomes da Rocha Azevedo, que fica na esquina com a rua que recebeu seu nome como homenagem, a Alameda Ministro Rocha Azevedo.

De origem portuguesa, Álvaro da Rocha Azevedo era filho de José Fernando Gomes da Rocha Azevedo Vilas Boas e Antas da Silva Soares e de Inácia Julia Ribeiro de Resende da Rocha Azevedo. Ela era portuguesa, natural da cidade do Porto, e ele, filho da tradicional família Vilas Boas, do sul de Minas Gerais.

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Álvaro Gomes da Rocha Azevedo

Álvaro da Rocha Azevedo nasceu em 26 de janeiro de 1869, na cidade de Campanha, no Estado de Minas Gerais. Neste estado fez seus estudos com enfoque na área de humanas. Muito jovem, com 14 anos, mudou-se para São Paulo, onde estudo direito e se formou em 1888 na Faculdade de Direito de São Paulo.

Iniciou sua vida profissional na política, quando se tornou juiz de direito da comarca de Caconde, indo residir na cidade de Mococa, São Paulo. Depois da Proclamação da República, foi Intendente Municipal e Juiz Municipal e de Órfãos. De volta à São Paulo, elegeu-se Vereador do Município em 1905, sendo reeleito por mais três mandatos e acumulando o cargo de vice-prefeito da cidade.

Como presidente da Câmara, em 1919, tornou-se Prefeito da cidade, depois de Washington Luís renunciar ao cargo para se candidatar à presidência do estado. Foi reeleito vereador em 1920. Esteve à frente de várias secretárias municipais como a de Comércio e Obras, Agricultura e Fazenda e, entre 1924 e 1930, foi ministro e presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. O recorte mostra a solicitação da aprovação de seu nome em 10 de abril de 1924.

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Abolicionista convicto, colaborou com vários jornais como “Revolução” e “Conspiração”. Recebeu a Comenda da “Ordem da Coroa” da Bélgica e a da “Ordem do Sol Nascente” do Japão.

Rocha Azevedo era uma pessoa respeitada e bem-quista em São Paulo. Casou-se com Maria Inês Alves de Lima da Rocha Azevedo, com quem teve os filhos Jacyra, Nair e o Álvaro Rocha Azevedo Filho.

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Rocha Azevedo (centro) e Cardoso Ribeiro (à direita), respectivamente secretários da Fazenda e da Justiça de Washington Luís, nos funerais de Ruy Barbosa, em abril de 1923.

Tinha vários irmãos, entre eles, João, Áurea e Arthur, que além de ter sido cônsul da Guatemala, era proprietário da famosa Farmácia Normal. Também foi genro do fundador da Avenida Paulista, Joaquim Eugenio de Lima e de sua esposa Margarida Alves de Toledo Lima. Faleceu aos 78 anos, em 30 de outubro de 1942 e seu enterro saiu de sua casa na Avenida Paulista.

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Sobre a mansão as Avenida Paulista sabemos que o projeto arquitetônico, em nome do irmão Arthur Gomes Rocha Azedo, data de 1905 e foi assinado pelo arquiteto João Gullo. Segundo a revista Veja, a casa foi doada para Dr. Álvaro da Rocha Azevedo pelo sogro Joaquim Eugenio de Lima. A partir de 1917 em diante a residência já aparece em seu nome na lista telefônica, e que é sabido que morou lá até sua morte em 1942.

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Foto tirada em 1982, gentilmente cedida por Valter Hernandez Trujillo, quando a casa ainda tinha muro.

A mansão no número 1811 da Avenida Paulista aparece em uma foto da Folha de São Paulo, de 14 de fevereiro de 1981 na notícia sobre o incêndio do Edifício Grande Avenida, que fica em frente à casa.

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Atualmente a casa pertence à família Hannud, que possivelmente adquiriu o imóvel da família Rocha Azevedo. Não sabemos. Segundo a Veja on line, a mansão teria sido comprada pelo comerciante Wajih Hannud, morto em 1999.

Wajih Hannud, de origem síria, foi um comerciante que atuava na Rua 25 de março. Vimos que foi um dos fundadores do Lar Sírio Pró-Infância e Presidente do Club Homs na década de 1980.

Possivelmente, o comerciante é de uma família síria de Homs, que vieram para o Brasil, com o incentivo dado pelo império, para “fazer a América”, como tantas outras famílias de origem síria que moraram na Avenida Paulista, com os Salem, os Abdalla, os Calfat.

Não sabemos a ano exato em que a mansão começou a ser alugada para empresas. Uma leitora contou que lá já foi o show-room  da marca Brastemp. Mais recentemente, a linda mansão foi alugada para abrigar uma agência do Bank Boston que, quando comprado pelo grupo Itau, foi transformada em uma agência do Itau Personnalite.

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Foto: G. J. Brandão
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Foto: Juca Varella/Folhapress

Atualmente a casa, que tem onze cômodos, está disponível para aluguel por 500 mil reais, o valor de locação mais caro de São Paulo. Segunda a revista Veja, o valor estimado do imóvel é de 60 milhões de reais e a locação diária do espaço para a realização de eventos é de 28 000 reais.

Conseguimos algumas imagens de seu interior que estão sendo divulgadas para os interessados em alugar.

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Hall de entrada do casarão.
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Piso superior da mansão.

Mas ainda não sabemos o destino da casa e também não conseguimos descobrir porque ela recebeu o nome de Casa das Uvaias. Alguém saberia responder? Estamos tentando contato com a família para que possamos saber e também recuperar a história desta linda casa.

Atualizando o artigo no início deste mês de março de 2017, a casa que estava branca foi toda grafitada colorindo toda a fachada do local. O artista é Arlin Christian, um brasileiro, que e começou a trabalhar com grafite em 1999. Hoje, divide seus trabalhos entre as ruas de São Paulo e as de Detroit, nos Estados Unidos. Vejam como ficou:

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Foto: Jorge Eduardo‎

A arte é parte de uma estratégia de marketing de um lançamento da Nike e a campanha chama-se “Pira no Meu Air” #piranomeuair. Vamos ver o que vai acontecer. No instagram de Marcelo D2 ele disse que tá chegando…chama de airmaxday.

Mas enquanto não chega…

Com certeza, todos lembram que, durante todos esses anos em que esteve alugada para instituições bancárias, a casa foi um dos mais lindos símbolos do Natal paulistano. Se este ano ela não está iluminada, podemos recordar os anos anteriores aqui.

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Decoração de Natal quando ainda era o Bank Boston. Foto: Viviane Shibaki, 2006
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Ainda como Bank Boston. Foto: sampa online
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Foto gentilmente cedida por Valter Hernandez Trujillo.

 

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Natal de 2010. Foto sampa online.

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E para finalizar um belo vídeo de 2012 com a histórias de Natal e um coral cantando várias musicas natalinas.

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Luciana Cotrim
the authorLuciana Cotrim
Paulistana até a alma, nasceu no Hospital Matarazzo, no coração de São Paulo. Passou parte da vida entre as festas da igreja Nossa Senhora Achiropita, os desfiles da Escola de Samba Vai-Vai e as baladas da 13 de maio no bairro da Bela Vista, para os mais íntimos, o Bixiga. Estudou no Sumaré, trabalhou na Berrini e hoje mora em Moema. Gosta de explorar a história e atualidades de São Paulo e escreveu um livro chamado “Ponte Estaiada – construção de sentidos para São Paulo” resultado de seu mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC. É consultora em planejamento de comunicação e professora de pós-graduação no Senac.

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