São Paulo transborda cultura, música, eventos, de tudo um pouco, encontramos pela cidade. Desde sempre foi assim, tanto que, no fim dos anos de 1900, ganhamos um Conservatório Dramático Musical que viveu anos de glória e hoje se tornou a Praça das Artes.
O Conservatório Dramático e Musical de São Paulo foi a primeira escola superior de música erudita e artes dramáticas da cidade, localizado em uma região muito nobre da cidade, onde hoje é a Avenida São João, em um prédio que já tinha muita história para contar, oferecia bacharelado em música, com habilitação em composição, instrumento, canto, regência e também em arte dramática, cujo foco era a formação de atores.
Surgiu em 1906, na Era do Café, quando a cidade crescia a passos largos, recebia estrangeiros, filhos de barões do café, que procuram por uma formação de excelência. Um de seus alunos mais ilustres foi Mário de Andrade, que também foi mestre no Conservatório. O Conservatório nasceu em 1906, alugando uma casa que pertencia à Marquesa de Santos, mas, foi em 1909 que se mudou para o prédio onde viveu seus anos de glória.
Fundado em 1886 pelo industrial Frederico Joachim, que era representante da marca de pianos Rudolph Ibach Sohn desde 1891, e posteriormente da Steinway & Sons, o prédio foi construído para ser um estabelecimento comercial, em seu andar térreo tinha pianos em exposição, para venda, e o no primeiro andar, o Salão Steinway, onde aconteciam concertos de música erudita e eventos literários e artísticos.
O Conservatório Dramático e Musical, se viu em busca de um novo local para se estabelecer, quando teve que desocupar a casa da Marquesa de Santos, que estava a venda. Por cem contos de réis, e a ajuda da prefeitura, comprou o prédio que fora de Joachim, e o transformou em sua escola. Nesta época, o salão Stenway, já era o Salão Carlos Gomes.
O prédio foi comprado e se tornou a casa do Conservatório em 1909. Entre o final do século XIX e início do XX, São Paulo se consolidava na cena cultural do Brasil, muitas peças vindas da Europa para apresentação na então capital, Rio de Janeiro, faziam também uma temporada na capital paulista. Com isso, diversos grupos de artistas formavam-se pela cidade, que necessitava cada vez mais de uma boa escola para atores e músicos, assim, o Conservatório viveu anos de glória, com muitos alunos e professores renomados.
O curso era inspirado nos moldes europeus, com aulas noturnas, das 18 às 21 horas, com 3 anos de duração e aulas como italiano, português, história, poética, coreografia brasileira, dicção, estética, expressão, vestuário, representação coletiva, história do teatro, psicologia, esgrima e muito mais. O curso de música tinha duração de 5 anos e também tinha aulas de língua estrangeira.
De 1910 a 1932, o conservatório formou 1.411 alunos, sendo que 80% eram formados em piano, instrumento muito admirado naquele momento. De 1930 a 1940, o número de matriculados foi caindo, sendo que em 1921 eram 6.900 e em 1932, 1311 alunos, em 1943 foram apenas 377.
Entre 1942 e 1943, o Governo de Getúlio Vargas determinou uma intervenção no Conservatório, os professores de origem italiana e alemã foram afastados sob suspeita de estarem envolvidos com o fascismo, algo que nunca foi confirmado.
Com muitas dívidas em tributos, e poucos alunos, em 2008 a prefeitura de São Paulo adquiriu o prédio onde estava o conservatório dramático e musical, que é tombado pelo CONPRESP e pelo CONDEPHAAT.
Atualmente, o espaço é parte da Praça das Artes (conheça mais sobre ela aqui), em seu piso térreo há uma sala de Exposições e no andar superior, a sala do Conservatório, onde acontecem apresentações de música e é também a sede do Quarteto de Cordas da cidade de São Paulo. O acervo do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo foi levado para a Biblioteca Municipal Mário de Andrade. O prédio foi restaurado e está belíssimo, esperando pela visita de cada um de nós.
Serviço:
Praça das Artes
Endereço: Avenida São João, 269
Site oficial