São Paulo é infinitamente cheia de lugares, cantos e detalhes. Quem não percebeu algum detalhe da linda arquitetura da Estação Julio Prestes? Ou observou uma das milhares de linhas, que formam o MASP? Sem falar da multiplicidade de cores de nossas feiras livres. Todas essas imagens são sempre guardadas carinhosamente em nossa mente.
As ilustrações do livro São Paulo Infinita tocam essa memória coletiva dos paulistanos. São desenhos que mostram a grandeza de alguns dos pontos emblemáticos da cidade, sem deixar de demonstrar o lado humano, de forma generosa, mas ao mesmo tempo crítica.
São imagens de lugares da nossa cidade que temos em nossa memória e que fazem parte de nossas vidas, nos tornam parte de um lugar, como cidadãos. Lembranças de lugares, como aquelas infantis, são para sempre. Quando as trazemos à consciência, uma sensação estranha, mistura de felicidade (não é exatamente amor), espanto e reverência toma conta de nós. Temos a certeza – somos, como uma família (que pode ter seus atritos), pertencentes a nossa cidade. Seja ela como for!
Este não é um livro para ler, mas é sim para, com todos os sentidos, deixar-se levar por ele a esses lugares da nossa São Paulo traduzidos em páginas de diferentes tonalidades, quase texturizadas, pelas linhas que deslizam o papel formando desenhos e cores que aparecem focalizando um detalhe: um ser, cada um de nós, todos nós.
A autora do livro é Juliana Russo, artista plástica, ilustradora e membro do grupo internacional Urban Sketchers, uma comunidade de pessoas do mundo todo, interessadas em produzir e compartilhar seus desenhos de locais, das cidades onde moram. Os desenhos contam histórias do dia a dia, dos lugares em que vivem e transitam. E assim é no livro São Paulo Infinita.
A autora conta que:
O ponto de partida desse passeio por São Paulo é essa rua. Essa é a vista que eu tenho da minha casa. Três casas adiante por debaixo do asfalto passa o Rio Caiubi. É assim que são tratados os rios na minha cidade, estão todos escondidos sob nossos pés.
Eu me perguntava porque deixamos isso acontecer. Mas foi no traço que comecei a entender São Paulo e seguindo o curso das águas escondidas eu saí pela cidade à deriva.
Quando ouvi Itamar Assumpção achei que essas palavras eram minhas: ‘São Paulo é outra coisa, não é exatamente amor, é identificação absoluta. Sou eu. Eu não me amo, mas me persigo…’ O que eu coloquei nesse livro não é São Paulo, sou eu”.
O que ela transmitiu neste livro não é só ela. Somos nós. O ponto de partida é São Paulo Infinita.
São Paulo infinita
Editora GG Brasil – 21 x 13 cm – 104 páginas – ISBN: 9788584520381