A São Paulo que conhecemos hoje foi formada por tantas mãos, ao longo dos anos, passamos por diversas fases de desenvolvimento, para chegarmos até os dias de hoje, da maneira como somos e com a cidade é. Uma história feita de gente, que até hoje, está pronta para nos contar e mostrar um pouco dessa evolução. Como acontece no Quilombo Ivaporunduva.
Uma das formas de vermos e compreendermos um pouco mais sobre o desenvolvimento de todo o estado de São Paulo, são as comunidades Quilombolas, hoje, falaremos de uma em especial, a Comunidade Ivaporunduva, estabelecida no Vale do Ribeira, na cidade de Eldorado.
Para quem ainda não conhece, as terras de quilombos são espaços éticos-raciais, com famílias organizadas de forma coletiva, que levam em consideração o parentesco, a ancestralidade e as tradições culturais, que expressam resistência a diferentes formas de dominação e tem regularização fundiária garantida pela Constituição.
A Comunidade do Quilombo Ivaporunduva tem em seus integrantes fortes ligações com o período da escravidão no Brasil. A história deste pedaço de terra, bem como a de sua gente, remonta ao século XVII, quando dois irmãos, acompanhados de 10 escravos, chegaram a região em busca do ouro, que era abundante por ali.
Neste mesmo período, uma senhora, chamada Maria Joana se estabeleceu ali, também em busca de ouro. Foi esta senhora que doou suas terras e libertou todos os escravos que a serviam, alguns relatos dizem que ela retornou à Portugal, outros, que ela faleceu.
Atualmente, a comunidade do Quilombo Ivaporunduva tem cerca de 300 pessoas, incluindo adultos e crianças, que vivem e sobrevivem como população tradicional que são. Eles plantam, colhem, produzem artesanato e turismo.
Através de cultivo tradicional, livre de agrotóxicos e feito de forma familiar, o Quilombo Ivaporunduva produz para seu sustento, arroz, mandioca, milho, feijão, verduras, legumes e tem também produção agropecuária.
Além disso, eles produzem e comercializam banana orgânica de forma direta e sem atravessadores, o que foi conquistado com muito trabalho, apoio do Ministério do Meio Ambiente e um projeto que possibilitou a estrutura necessária para a certificação da produção orgânica e a também a profissionalização da Associação.
Com apoio da ESALQ/USP – o maior polo de pesquisa e formação de profissionais em ciências agrárias do Brasil, a comunidade do Quilombo Ivaporunduva recebeu assessoria técnica para o aproveitamento do caule da bananeira, e hoje tem mais de 30 artesãos que fabricam bolsas, tapetes, jogos americanos, colares, cortinas, pulseiras e muito mais. Este artesanato é mais uma forma de garantir renda para as famílias.
Mais um ponto que merece destaque é o repovoamento do palmito Juçara, uma espécie que é considerada em extinção e que é da Mata Atlântica, desde 2002, a comunidade vem semeando a palmeira com assessoria técnica, numa área de 200 hectares, e em breve deve ser iniciado o manejo sustentável do palmito.
Para todos nós que desejamos conhecer como vive uma população tradicional, conhecer mais sobre a história de nossa região e até mesmo de nosso país, o turismo também é possível. Desde o ano de 2001, quando alguns membros da comunidade fizeram cursos de monitoria ambiental, a comunidade está pronta para receber turistas e grupos escolares.
Há palestras, visita a roça, almoço típico, dependendo da época do ano, é possível até mesmo participar da barreação das casas de pau-a-pique e do trabalho na roça. Visitar a comunidade quilombola de Ivaporunduva é um desses passeios que nos mostra mais sobre a vida, que nos conta a história de onde viemos e enche a alma de felicidade, conheça também!
Serviço:
É necessário realizar agendamento!
Associação Quilombo de Ivaporunduva
Coordenador: Elson Alves da Silva
Telefone: 13 3879 5000 e 3879 5001
Email: ivaporunduva@gmail.com
Site: www.quilombosdoribeira.org.br