RAPIDINHAS

Roleta russa pop com emoções noir.

Espetáculo em cartaz expõe projeto de morte clássico, na tênue linha entre o normal e o patológico em uma roleta russa de emoções.

Nove jovens se reúnem no porão da casa de um deles, para se matarem através de uma roleta russa. Essa é a premissa da peça teatral em cartaz, Roleta Russa e como todo bom suspense policial, a coisa não acontece exatamente como se imagina.

Trama rebuscada.

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Waléria (a atriz Virgínia Castelões), em cena.

Adaptação fiel do romance Suicidas, do jovem escritor carioca Raphael Montes, o diretor César Baptista, traz carga poética ao binômio tempo/espaço, se apropriando da metalinguagem do autor, em um trabalho de dramaturgismo e direção, em que se cruzam três discursos narrativos, em tempos distintos: presente, passado e passado recente. As inúmeras peripécias mantém o ritmo do enredo em constante estado de tensão durante os 110 minutos da peça.

“Achei o tema do suicídio muito bacana, é um tema que eu me identificava, por causa do que o (Alberto) Camus fala no Mito do Sísifo: que o suicídio é engedrado no quarto escuro, no fundo do coração da pessoa, como uma grande obra de arte. Essa comparação entre uma atitude que leva ao suicídio e uma obra de arte, me chamou a atenção.” Diz Baptista.

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O diretor César Baptista.

E vai-se muito além do óbvio…

Os subtemas são igualmente impactantes. Questões como a inadequação do ser humano diante de qualquer situação no meio social, o sentimento de não pertencer a um determinado grupo, o preconceito contra as minorias, a banalização e a espetacularização da violência vem à tona em ações verbais, carregadas de imaginação e impulsos destrutivos.
O diretor também assina a excelente trilha sonora, que potencializa o discurso, com músicas do Radiohead, The Rolling Stones, Jorge Ben e Legião Urbana.

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Maria João (Lorrana Mousinho), Lucas (Gabriel Chadan) e Alê (Dan Rosseto) interagem em um universo íntimo e revelador a cada minuto.

Burburinho na plateia.

Talvez por identificação, talvez por memórias intrínsecas, a empatia que se cria pelos personagens, (todos muito bem definidos, pelos ótimos atores) é tamanha, que no meio da apresentação você vai se sentir parte integrante do seleto clubinho suicida e estar totalmente à vontade em meio ao porão que abriga a narrativa, afinal, as descobertas da vida são mais intensas aos vinte e poucos anos.

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Alê (Dan Rosseto) e Zak (Helio Souto) em pura adrenalina poética.

Miscelânea de sentimentos pulsantes.

Até que ponto a agressividade humana e as condutas morais prestam auxílio à destruição planejada? Descubra o quanto antes.

ROLETA RUSSA
110 minutos. Censura 16 anos.
Espaço Parlapatões
Praça Rosevelt, 158, Consolação.
Telefone: 3258-4449
Quintas e sextas-feiras, às 21h
R$25,00 a R$50,00. Até 26/02
espacoparlapatoes.com.br

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Viviane Roesil
the authorViviane Roesil
Paulistana - urbanóide - cinéfila. Tradutora e professora. Colecionadora de frases, momentos e cardápios. Nascida para criar drama(turgias) e roteirizar a vida. E ainda não se conformou com a retirada da apple pie do menu do América.

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