A Série Avenida Paulista apresenta a moradia que estava localizada no antigo número 50 e atualmente no número 1895 da avenida, na esquina com a Rua Padre João Manuel.
Depois de mais de 70 histórias sobre os casarões e edifícios da avenida, está cada vez complicado conseguir imagens e dados sobre as construções, mas vamos ao que foi conseguido.
O primeiro registro que encontramos da Avenida Paulista, número 50 era de um “chauffer” (motorista particular) que morava nos fundos da casa que lá deveria existir. A primeira é uma notícia de que ele, chamado José Alves, com 30 anos, levou uma facada na Rua Formosa, e foi ferido gravemente, por causa de uma discussão com um amigo. O outro registro é de um chhauffer, com longa prática no Ford, se oferece, por preço módico, para guiar nos 3 dias do carnaval.
Depois disso, em um anúncio publicado no Estado de São Paulo, no dia 8 de janeiro de 1932, ficamos sabendo que o endereço virou um “Rink”. Olha que interessante, a cidade tinha vários ringues de patinação nesta época. Vejam os anúncios abaixo.
Pelo jeito os paulistanos do começo do século passado gostavam de patinar. E mais interessante é saber que tínhamos um “rink” de patinação na Avenida Paulista. Nosso amigo, Marcus Uchoa, criador do projeto de computação gráfica da Paulista, chamado Janela da história, enviou uma foto do que, provavelmente, era o ringue de patinação da avenida.
Vejam que interessante a foto abaixo que mostra os fundadores do primeiro Rink de São Paulo (Henrique Normaton) em foto realizada por Militão Augusto de Azevedo.
E abaixo o projeto arquitetônico com a fachada posterior do Skating Palace, que foi construído em 1911 na Praça da República, número 52, esquina com Rua Aurora. Reparem na beleza e no detalhamento do desenho que concentraria o rink de patinação e um cinematographo, solicitado pela Cia, Sport e Actracções.
Imaginamos que João Miguel Sanches tenha comprado o local no final dos anos 1930 e construído sua residência, que mostramos em toda sua pujança nas fotos a seguir.
João Miguel Sanches refez toda a construção. Para isso, contratou o escritório Moya & Malfatti, o projeto arquitetônico foi matéria da Revista Acrópole, especializada e reconhecida publicação da área de arquitetura.
Moya foi um arquiteto prestigiado da Semana de Arte de 22. Sylvia Ficher, no texto intitulado “Antonio Garcia Moya, um arquiteto da Semana de 22”, afirma que “Moya era mais afeito a um gótico de sabor italiano, como aquele que empregou na Residência João Miguel Sanches, à avenida Paulista”.
E, desta residência, temos fotografias de todos os ambientes da linda casa, as imagens de autoria de Leo Liberman, foram publicados na revista.
Linda e exuberante casa, não é mesmo? Mas pouco sabemos de seu proprietário, João Miguel Sanches. Conseguimos descobrir que, em 1934, ele vendia “todo tipo e qualquer quantidade de sacaria de juta, em perfeito estado”, só que eram já usadas, que eram utilizadas para ensacar café e cereais e, também sacos de algodão brancos, para açúcar, fubá, cal, etc. Anunciava, como vemos abaixo, o seu depósito permanente que levava o seu nome, situado na Rua Paula Souza. Portanto, anos antes da construção da casa.
Outro negócio de João Miguel eram as cocheiras. Ele tinha 5 delas na Rua Miguel Mendes no bairro do Carandiru. De sua família, verificamos que tinha 2 irmãos: Francisco e Antonio Sanches. Essas são todas as informações que conseguimos resgatar do proprietário desta imponente mansão da Avenida Paulista.
Neste mesmo local da avenida, mas com uma numeração diferente, de 1985, passou a ser 2001, encontra-se atualmente o Condomínio Edifico Barão de Itatiaya.
O acervo do jornal O Estado de São Paulo publicou, em 6 de março de 2014, que “No ano em que o Brasil tornou-se tricampeão mundial de Futebol, ao vencer a Copa de 1970, o Conjunto Nacional, mais conhecido centro comercial da Avenida Paulista, ganhou um novo vizinho, o Edifício Barão de Itatiaya. Com 22 andares para conjuntos comerciais, o prédio foi incorporado e construído pela Gomes de Almeida Fernandes na altura do número 2001 da Avenida Paulista, esquina com a Rua Padre João Manoel”.
Ficamos curiosos em saber porque o nome Barão de Itatiaya, consideramos eu poderia ser algum nobre da época imperial ou até de família quatrocentona. Pesquisamos e não conseguimos localizar nenhum Barão de Itatiaya. Será que foi invenção? Se alguém souber do paradeiro deste Barão, por favor, nos escreva… Verificamos que a palavra Itatiaia é de origem tupi e significa penhasco cheio de pontas, pedra pontuda. Um Barão com nome tupi? No mínimo é estranho…
Além dos andares comerciais, o prédio conta com um centro comercial, chamado galeria 2001, com lojas – Arezzo, Closet Paulista, e bares, como All Bros. Risoteria, Grão Espresso, etc. A galeria tem acesso pelas duas ruas da esquina.
O edifício tem uma curiosidade muito interessante: recebeu o primeiro parklet da América Latina e é responsável por sua manutenção.
Em janeiro de 2016, o jornal O Estado de São Paulo, publicou a matéria intitulada “‘Minipraças’ avançam na capital, mas estão concentradas em bairros nobres”, que destacamos um trecho sobre o parklet do Edifício Barão de Itatiaya.
“Criados no Estado americano da Califórnia e introduzidos no Brasil pelo Instituto Mobilidade Verde, os parklets são frequentados mais de uma vez na semana por pessoas que trabalham na vizinhança e querem descansar. É o que mostram pesquisas feitas pela ONG em São Paulo.
No espaço localizado no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua Padre João Manuel, o primeiro instalado na América Latina, a maioria dos usuários tem entre 19 e 40 anos de idade e aproveita o espaço para descansar. Outros usos relatados foram ler, comer, beber e encontrar amigos. Em média, estima-se que ao menos 300 pessoas passem pelo parklet por dia”.
O equipamento da Avenida Paulista, que é mantido pela administradora do Edifício Barão de Itatiaya, foi aberto em abril de 2014. De lá para cá, parte de sua estrutura já foi trocada em função de atos de vandalismo. O espaço atual está sempre cheio de turistas, pessoas que trabalham na região e moradores da área.
Para a comerciante Dolores Peixoto, de 41 anos, o espaço é bastante convidativo para o descanso e tem outros benefícios. “É ótimo ter essa opção na cidade. Isso sem falar que tiramos duas vagas de carro das ruas. Viu como não faz falta?”
Vamos lá? Até o próximo domingo…
Olá Luciana, a professora Lília Katri Moritz em sua obra, “As barbas do Imperador”, esclarece que a regra geral dos títulos da nobreza brasileira era a concessão de títulos ligados ao indigenismo histórico e romântico. Para esclarecimento e comprovação vale a leitura do livro do antepassado da Dona Martha Suplicy: “Archivo Nobiliarchico Brasileiro”. Quanto ao barão de Itatiaya, ele existiu sim. Seu nome era Dom José Caetano Rodrigues Horta (25 de abril de 1825 — 26 de setembro de 1900), primeiro e único barão e depois visconde de Itatiaia _ a palavra perdeu o y após a reforma ortográfica de 1943_, foi um latifundiário e político brasileiro. Ele era sobrinho de Dona Florisbela, dama da sociedade mineira que, supostamente teve uma filha com dom Pedro I: Dona Inácia Carolina. O neto do visconde de Itatiaya, Dom Pedro de Alcântara Taques Horta se casou com Dona Clarisse d’Escragnolle Taunay, neta do escritor Visconde de Taunay. Recentemente conheci o advogado Dr. Paulo Taunay Perez, descendente dos dois viscondes por essa genealogia. Abraço