O Espetáculo teatral Um bonde chamado Desejo, volta a São Paulo em nova temporada no Tucarena, depois te ter sido aclamado pela crítica e público em 2015.
Disseram à Blanche que pegasse um bonde chamado Desejo e depois outro, chamado Cemitérios e descesse na parada Campos Elísios. Mal sabia ela que sua vida iria dar um giro de 180º, na hora em que se iludiu esperançosamente.
Obra clássica.
Escrita em 1947, pelo dramaturgo americano Tennessee Williams (1911 – 1983), a peça Um bonde chamado Desejo expõe explicitamente a relação pontuada de tensão entre os cunhados Blanche DuBois e Stanley Kowalski, sendo amparados pela irmã e esposa Stella, em meio a uma atmosfera dualmente cruel e pincelada de carga poética.
O também dramaturgo americano Arthur Miller (1915 – 2005) salienta que com Um bonde chamado Desejo, inaugura-se na dramaturgia norte-americana um tipo de texto que coloca a linguagem puramente a serviço dos personagens e não da trama em si. Aqui, os personagens são totalmente livres em suas falas a ponto de conseguirem expor verbalmente todas suas contrariedades e complexidades.
Tudo o que é humano, não é estranho.
É sabido que um bom personagem é aquele que apresenta inúmeras facetas e um bom drama é aquele que foge do maniqueísmo transparente e simples. E é exatamente isso o que acontece em Um bonde chamado Desejo, um grito imbuído de imensidão essencialmente humana. O caráter dos personagens vem à tona através de suas ações e discursos, criando-se um conflito clássico e universal.
Novo encontro teatral.
Na nova montagem, atualmente em cartaz na cidade, o jovem diretor, Rafael Gomes, aproveita-se do formato de arena do teatro e engrandece o discurso pulsante ao apresentar uma ação unificada, porém entremeada de arrebatamentos intrigantes que fazem coro à trilha sonora que retumba de Nina Simone à Amy Winehouse, passando por Radiohead.
Colocando a mão na massa.
O cenário minimalista e funcional de André Cortez, foge do realismo puro e brinda a ambos: espectadores e atores, em um jogo essencialmente teatral, unindo versatilidade e imaginação.
Figurinos grifados e hypados.
O estilista/artista paulistano Fause Haten, que nos últimos anos tem incursionado na seara teatral (são dele os figurinos de Alô, Dolly!, O Mágico de Oz, O Médico e o Monstro, entre outros), mais uma vez, contempla cada um dos personagens com seus croquis, tecidos e fluidez, a serviço da amplificação e dos signos intrínsecos ao enredo.
Encontro vital no palco.
O plot é simples e os personagens, complexos. Nessa releitura, o high and low primam pela descoberta da verdade entre protagonista/antagonista, atingindo a delicadeza, fragilidade e complexidade psicológica de Blanche DuBois e o instinto rude, boêmio e primitivo de Stanley Kowalski. Some-se a isso os demais personagens que fornecem o respiro e alívio necessários entre uma sequência e outra.
Redescubra e surpreenda-se.
Para os cinéfilos fiéis de plantão, um aviso: essa nova versão teatral não fica devendo absolutamente nada ao filme de 1951, dirigido por Elia Kazan (na versão brasileira, o título é Uma rua chamada Pecado), e os atores Maria Luisa Mendonça, (ganhadora do prêmio de melhor atriz da Associação Paulista dos Críticos de Arte, 2015), Eduardo Moscovis e Virginia Buckowski, põem-se no mesmo patamar de Vivien Leigh, Marlon Brando e Kim Hunter.
Absolutamente imperdível!
Ao final, não faltarão palavras para classificar o espetáculo, mas como menos é mais, faça coro ao adjetivo transformado em interjeição, pelo roteirista Alexandre Freire, para sumarizar as quase duas horas de peça: VISCERAL!
UM BONDE CHAMADO DESEJO
110 minutos.
Censura 14 anos.
R$25,00 a R$70,00.
Sextas às 21h30, Sábados às 21h00 e Domingos às 18h00.
TUCARENA – Teatro da PUC-SP.
Rua Monte Alegre, 1024. (entrada pela Rua Bartira) Perdizes.
Telefone: 3670-8453.
Site: www.teatrotuca.com.br.
Até 03 de abril.
Ótimos atores!!, parabéns pela escolha o Tenesse Willhians é um Ícone que todo ator de Boa linhagem sonha interpretar, era o Projeto do saudoso dramaturgo clássico o Rofram Fernandes para mim…Parabéns Du manda bala e muita Merda pra vocês!!..como sempre falamos no Teatro.