Os lugares são únicos, passear por São Paulo, nos mostra com muita clareza a evolução, a arquitetura, o passar das décadas, é só olhar as construções. Quanto mais sabemos sobre a cidade, mas a adoramos!
Hoje, a nossa história é sobre a Vila Itororó, um conjunto arquitetônico idealizado pelo português Francisco de Castro, com mais de 10 edificações, todas construídas ao longo do século XX, para residências e lazer, em uma área de aproximadamente 6 mil metros quadrados, e feito com muito material reaproveitado do Teatro São José.
A Vila ganhou o mesmo nome do Vale, na divisa entre os bairros Bela Vista e Liberdade, que por sua vez, ganhou o nome do Riacho Itororó, que fica onde atualmente é a Avenida 23 de Maio. A Vila Itororó foi tombada pelo CONPRESP em 2002, e pelo CONDEPHAAT em 2005, sendo que, em 2006 foi declarada como área de utilidade pública, e passou por processo de desapropriação, que começou em 2006.
A construção da Vila começou em 1922 e foi finalizada em 1929, com topografia bastante irregular e sem nenhum estilo arquitetônico definido, idealizada pelo comerciante e empreiteiro português, Francisco de Castro.
Após a venda do Teatro São José para a The São Paulo Tramway Light & Power, a construção foi demolida e suas decorações, colunas gregas, vitrais e esculturas, foram arrematadas por Francisco de Castro, que levou tudo para seu terreno, onde construiu a Vila Itororó, que foi simplesmente a primeira obra brasileira feita quase que na totalidade com material reciclado de outra construção.
O ecletismo da obra chamava a atenção de todos, as estatuas do Teatro ficavam em um anexo à esquerda da casa principal, leões guardam a entrada da mansão, vitrais circulares decoravam a mansão, com o brasão real europeu, além dos brasões do Estado e da Cidade de São Paulo, e do Império Brasileiro.
Gárgulas decoravam a sala principal, dois leões em estilo assírio-babilônico e uma linda e muito exótica estatua toda em bronze da Deusa da Prosperidade ornamentavam a entrada.
O projeto da Vila Itororó foi pensado para ser auto-sustentável ao seu idealizador, além da mansão de Castro, haviam mais 35 casas para aluguel, assim, ele poderia viver confortavelmente da renda de seus inquilinos. A Vila teve a primeira piscina particular de uso público da cidade São Paulo.
O local foi, por muito tempo, considerado elegante, mas com o passar dos anos, transformou-se em um cortiço, e em 1970, já tinha um processo de degradação avançado. Francisco de Castro morreu sem deixar herdeiros, e a Vila Itororó foi tomada por credores, que a doaram para o Hospital Beneficente Augusto de Oliveira Camargo.
A degradação foi acentuada por volta de 1997, quando a Fundação Leonor de Barros Camargo, mantenedora do Hospital, desistiu de cobrar aluguel dos imóveis que compõe a Vila. Em 2006, a área foi declarada de utilidade pública pela prefeitura de São Paulo, e logo teve início um processo de desocupação das pessoas que viviam ali.
Atualmente, a Vila está em processo de restauração, a ideia é transformá-la em um complexo cultural. Haverá restauro das casas, piscina, ruamento e também do palacete. Em 2014 começou a limpeza e levantamento histórico e iconográfico, processos necessários, para que se possa efetivamente começar um restauro.
O projeto de restauro da Vila é muito interessante, ao invés de acontecer a portas fechadas, definido por poucas pessoas, o canteiro de obras é aberto desde o início do processo, e há instalada um experimento de centro cultural no meio do canteiro, a ideia é revelar o processo da obra e pensar juntos sobre os usos do espaço, através de debates e experimentações.
A história da construção e também a maneira como o restauro foi proposto, tornam a Vila Itororó muito interessante! E você, já foi conhece-la? Não perca tempo, conheça mais esse patrimônio da cidade de São Paulo.
Serviço:
Endereço: Rua Pedroso, 238 – Bela Vista
Site oficial
Foto de destaque: Nelson Kon
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Que degradação, lastimável!