Que tal uma roupa diferente gastando nada ou quase nada? Muito bom. E se a aquisição dessa roupa consistir em um ato de baixíssimo impacto ambiental? Maravilhoso. E se for em um evento animado, com pessoas legais para conhecer, quitutes para provar, ideias para trocar? Incrível!
Pois bem, São Paulo cada vez mais oferece alternativas dentro do movimento slow fashion, ou simplesmente de consumo consciente na moda, o que nada mais é que aproveitar o que se compra, valorizar o que se tem, descartar menos, importar-se com a origem e investir em quem faz. Os bazares de troca de roupas e acessórios ainda não são muitos, mas já fazem barulho.
O Trocaderia com um ano de vida chegou à sua quinta edição, a primeira plus size, que aconteceu no final de maio. O projeto, que começou com a vontade de três amigas de trocar entre si aquelas peças que já tinham enjoado, mas que ainda eram superbem conservadas e bonitas, agora reúne até 160 pessoas em um dia. A ideia é ampliar e integrar a versão plus size ao recorrente e ter cada vez mais opções para todo tipo de mulher.
Outro bazar descolado, com curadoria esperta e muito organizada, onde você só encontra peças bacanas e de qualidade é o Desapego e Troca, das consultoras de estilo Chris Tarricone e Lu Diniz. Elas recebem as peças de quem quer participar com antecedência para fazer uma triagem e só colocar para jogo o que estiver sem furos, manchas ou bolinhas e com as cores conservadas. As vagas são limitadas para que a experiência possa ser mais proveitosa para as participantes, que trocam, além de roupas e acessórios, ideias de estilo, conservação de peças, dificuldades de se vestir… A ideia surgiu de demandas vindas de clientes da consultoria de estilo, que muitas vezes possuíam roupas que não acompanhavam as prioridades de vida delas, mas estavam em ótima qualidade. Então, por que não trocar por outras que pudessem ter valia?
E a ideia se demonstrou muito acertada. Em média, cada participante sai com 10 peças do bazar. As que sobram são doadas para instituições como a Casa Ondina Lobo – que também faz um bazar, esse beneficente com renda 100% revertida para o cuidado dos internos. Para participar da quarta edição do Troca e Desapego, que deve acontecer em setembro, acompanhe a Chris e a Lu pelas redes sociais, onde elas informam sobre todas as novidades: no Instagram elas são @christarricone e @boniteza; e no Facebook, Chris Tarricone Consultoria e Boniteza Consultoria.
Outra forma criativa de mudar o visual sem gastar muito é reformando as próprias roupas. O projeto Roupa Livre promove oficinas de costura, chamadas de Re-Roupa, que ensinam a consertar e transformar suas roupas com as próprias mãos. Um único dia de oficina pode não ensinar uma pessoa totalmente inexperiente a ter autonomia com linha e agulha, mas desperta um novo olhar, e a ensina a pedir transformações mais bacanas para costureiras. Que aliás, o projeto indica em seu site, em um mapa interativo.
O Roupa Livre surgiu da vontade de três moças apaixonadas pela arte da costura e conscientes do nosso papel como agentes no consumo. Uma delas, Mariana Pellicciari, fala sobre o reuso de roupas que já temos: “nós perdemos esse costume e deixamos de lado essa coisa do cuidado e só temos a perder com isso. Uma relação que deixa de ser de cuidado e passa a ser descartável tem muitos lados negativos. Trocar, consertar, cuidar, reusar, reformar e transformar são jeitos criativos de fazermos o novo”. A próxima oficina de costura em São Paulo acontece dia 11 de julho. Você leva uma peça que está encostada no armário e sai de lá com ela nova. Para conferir a agenda de todos as atividades, clique aqui.
Todos os projetos cobram algum valor de inscrição (os bazares entre R$ 15 e R$ 20 e a última oficina de costura foi de R$ 100), mas as organizadoras afirmam que a renda cobre os gastos e os eventos não têm lucros. A ideia é ser algo autossustentável e que possa ser perene.
Além disso, todas as meninas compartilham de ideais semelhantes que, acredito, podem ser resumidos nessa explicação da Nathália Capistrano, uma das fundadoras do Trocaderia: “Desde o início, queríamos que o projeto fosse aplicável na vida real, no dia a dia. Um projeto que levantasse as bandeiras importantes do consumo consciente, economia colaborativa e moda sustentável e acessível, sem necessariamente bombardear as participantes com dados de destruição ambiental, reflexos na economia, etc”.
“Queríamos focar no primeiro ato de desapegar, de ter que refletir sobre sua quantidade de peças e de se dar conta de quantas tem em desuso, já faz com que as participantes comecem a se questionar e a buscar mudanças. É nesse momento que a gente pode conversar com elas para entrar num outro estágio de entendimento e sugerir novos hábitos e alternativas. Muitas participantes já vieram nos contar de como faziam dezenas de compras por impulso, algumas até endividadas e que, com ajuda do Trocaderia, começaram a modificar e a pensar muito antes de comprar um item novo. Além disso tudo, também queremos promover uma experiência divertida e social. Um evento no qual as participantes tenham a chance de ter um dia gostoso, podendo conhecer gente nova”, completa Nath.
Adorei, viajei por universo diferente da minha rotina, sou da área de saúde, sendo á rotina voltada ao foco clientes.