Nesta semana a Série Avenida Paulista apresenta propriedades que eram de João Dente, localizadas na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta, onde atualmente encontra-se o edifício do Banco do Brasil.
João Dente era um grande investidor de imóveis em várias regiões da cidade. Além de morar na Avenida Paulista (a casa dele foi apresentada na Série Avenida Paulista e pode ser lida clicando aqui), também adquiriu um grande terreno de Horácio Sabino, onde construiu 5 residências para aluguel.
Em 1912, o investidor solicitou a Vitor Dubugras o projeto para 3 casas na Paulista, que faziam esquina com a Rua Augusta, e mais duas menores na própria Rua Augusta. Nos estudos sobre Victor Dugubras pode-se conhecer um pouco mais dessas casas que tiveram uma concepção muito diferente das que existiam na avenida.
Elas traziam traços mais modernos e mais limpos e, por isso, foram consideradas como exemplares de uma fase de transgressão do trabalho do arquiteto e uma tendência ao modernismo que viria posteriormente.
O livro “Victor Dubugras, percursor da arquitetura moderna na América Latina”, escrito por Nestor Goulart Reis Filho, descreve detalhes do projeto dessas casas, mostrando como pode ser considerado uma arquitetura pré-modernista. Vejam o trecho abaixo retirado do livro:
Posteriormente João Dente solicitou ao arquiteto mais um projeto de mais 2 casas geminadas, com características semelhantes, que foram construídas na própria Rua Augusta. Nestas, os desenhos eram de linhas mais retas, com eliminação das curvas.
No livro, o autor descreve que as casas tinham “o corpo saliente lateral sob o beiral. As torres envidraçadas, ao alto, tinham coberturas planas (…)”, como podemos ver nas fotos abaixo e no projeto de Dubugras, onde consta a seguinte descrição: Vilas do Dr. João Dente– Rua Augusta – entre Paulista e Al. Santos.
Em seguida vemos o conjunto de casas para aluguel de propriedade de João Dente. As duas primeiras fotos são as casas da Rua Augusta, a terceira e quarta mostram a casa arredondada da Paulista.
Muitos dos que moraram nas casas de aluguel de João Dente eram conhecidos ou parentes de outras famílias que também residiam na Avenida Paulista como Alexandre Salem, Fabio da Silva Prado e Fernando de Almeida Nobre.
No terreno ocupado pelas casas da esquina da Paulista com a Augusta encontra-se hoje o prédio do Banco do Brasil, que se chama Edifício Ansarah, na Av. Paulista, 2163.
O edifício foi construído por Dr. Giorgio Carlos Ferraris, pela Coarq Arquitetura e Construção e foi entregue em 1976. Possui 22 pavimentos, sendo 19 andares com espaços a partir de 637 m².
A iniciativa da construção do prédio foi de Camillo Ansarah, presidente da Companhia Mercantil e Agrícola São Francisco. Em ata de Assembleia de datada de março de 1966, já anunciava a construção. Assim foi descrito:
SAO PAULO, 25 DE MARCO DE 1966
SENHORES ACIONISTAS:
TEMOS A SATISFAÇÃO DE COMUNICAR AOS SENHORES ACIONISTAS QUE A CONSTRUÇÃO DO “EDIFÍCIO ANSARAH” SITUADO NA AVENIDA PAULISTA ESQUINA COM A RUA AUGUSTA, QUE NORMALMENTE DENTRO DOS PLANOS PRE-ESTABELECIDOS.
CAMILLO ANSARAH
COMPANIA MERCANTIL E AGRÍICOLA SAO FRANCISCO
FIRMA MOVEIS BELLINGHAUSEN
No texto Memórias do Desenvolvimento, de Ana Caputo e Gloria Costa apresentam o empresário Camillo Ansarah, que “nasceu em 1905 no Líbano e fez seus estudos universitários na Faculdade de Direito de São Paulo, formando-se em 1931.
Foi diretor superintendente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo; membro-diretor do Conselho Consultivo do Banco Central de Crédito S.A. e diretor presidente da Companhia Nacional de Tecidos. Participou ativamente da Associação Comercial de São Paulo, da qual foi presidente entre 1960 e 1962. Sua atuação foi marcada pela defesa da livre iniciativa”.
Camilo Ansarah, Francisco Prestes Maia, Mario Garnero, JK, Dom Carlos, Governador José Porfírio da Paz, Deputado Ranieri Mazzilli e Deputada Conceição da Costa Neves, na Associação Comercial de São Paulo, em evento da Semana de Integração Nacional, do C.A 22 de Agosto.
Além disso, foi Superintendente do “Diário do Comércio”, da “Digesto Econômico” e Diretor Financeiro do Centro Estadual de Abastecimento—CEASA, Diretor da Duratex S/A e presidente da Fundação “Arnaldo Vieira de Carvalho”, para o ensino de Ciências Médicas e mantenedora da Santa Casa. Em 1962, recebeu o título de Cidadão Paulistano da Prefeitura de São Paulo.
Foi um empresário de ponta e deixou seu nome marcado na Avenida Paulista. E, para terminar este post, compartilhamos algumas imagens para relembrar a decoração de Natal do Edifício Ansarah, realizadas pelo Banco do Brasil.
Diferente
Eu ainda me lembro da mansão de gosto um tanto duvidoso.
Você se lembra dessas casas de aluguel de João Dente?
Pequeno comentário deste prédio Edificio Ansarah hoje todo Banco do Brasil foi terminado e entregue em fins de 1967 e em 1968 do 1 ao 19 andar foi o Escritório Central da Philips do Brasil (trabalhei lá) até 1976 o Banco do Brasil só era no andar terreo agência loja, tenho foto dele com o luminoso PHILIPS no topo
Olá Francisco, obrigada pela informação. Eu não sabia que a Philips do Brasil tinha sido lá. Você tem uma foto do edifício? Se puder/ quiser mandar para nós, podemos publicar no artigo. Agradeceríamos muito pela contribuição.
A propriedade era bem diferente mesmo. Acho que pra época o Sr. Dente foi inovador.
uma pergunta, o Edificio ao lado o Paulista Business no Número 2181 também fazia parte do mesmo terreno, hoje funciona uma das unidades do Holel Meliâ, pergunto pois o terreno do hotel é um tanto peculiar, o mesmo faz uma especie de “L” ligando a Rua Augusta com a Avenida Paulista.
uma pergunta, o Edificio ao lado o Paulista Business no Número 2181 também fazia parte do mesmo terreno, hoje funciona uma das unidades do Holel Meliâ, pergunto pois o terreno do hotel é um tanto peculiar, o mesmo faz uma especie de “L” ligando a Rua Augusta com a Avenida Paulista.