Se existe um momento do ano que explica como o paladar a mesa do paulistano é variado é a ceia de Natal. Não existe balaio de gato maior e mais misturado do que a comemoração natalina, seja para os muito religiosos, os pouco e os nada religiosos a ceia natalina é uma verdadeira alusão a comilança e ao empaturramento coletivo.
O Natal não se resume somente as tradições cristãs, mas também as tradições do nosso país já que no sincretismo religioso, judeus e muçulmanos também se reúnem nesta data, visitam familiares e desfrutam do feriado. Cada família tem uma relação diferente na hora de se reunir, alguns colaboram levando pratos, ou bebidas outros fazem um orçamento coletivo, e alguns custeiam toda a comilança. Não existe uma receita padrão do Natal e é bem comum que as pessoas se lembrem daquela receita que aquela tia ou avó fazia e que só um único parente aprendeu, e que está escalado para o resto da vida na missão de reproduzir a tradição natalina familiar. A ceia natalina é o maior representante do comfort food ou comida que conforta, pela simples razão que está diretamente relacionada à memória afetiva de cada pessoa e cada família. São pratos que normalmente comemos apenas nesta época do ano e que nos trazem o conforto afetivo que muitas vezes nós nos esquecemos durante o ano.
Talvez o mais tradicional prato que compõe a mesa natalina seja o onipresente Perú de natal, mas esta ave de grande destaque nas ceias de natal tem uma origem distante, mais precisamente na America do norte onde era servida pelos colonos ingleses no dia de Ação de de Graças pela colheita, a ave foi então levada a Europa e se tornou muito popular nos grandes banquetes em função do seu tamanho, com a imigração dos europeus ao Brasil o Perú veio com eles e assim chega a nossa mesa. Mas casa de família tem seu ponto de destaque. O que vale mesmo é a reunião com os familiares e amigos, os bons momentos, fraternidade e bons desejos que estão mais aflorados do que nunca nesta data. Um bom anti-acido ajuda também por que mesmo em tempos de crise a mesa de Natal é um bastião da fartura e abundância tradicionais da mesa Brasileira.
