O novo casarão que apresentamos era de propriedade de José Manuel de Azevedo Marques e foi erguido em 1911 na Avenida Paulista, na esquina da Rua Carlos Sampaio.
O palacete foi construído por Ramos de Azevedo, que era proprietário do maior escritório de arquitetura da época, e na Paulista, como já descrevemos em outros posts, assinou e construiu vários casarões deste período.
Paulistano, nascido em 1865, Azevedo Marques foi um advogado militante, promotor e juiz de Direito, e como tal, tratou da reforma judiciária do Estado. Ele também foi o primeiro presidente da Ordem dos Advogados de São Paulo e cumpriu três biênios na presidência. Em meados doa anos 1930, durante sua gestão, foi criado o Tribunal de Ética.
Teve carreira acadêmica como professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde se formou, em 1886. Atuou como deputado federal e, no auge da carreira política ficou muito conhecido por ter sido ministro das Relações Exteriores no governo de Epitácio Pessoa, entre 1919 e 1922, período em que ainda eram sentidos os reflexos e problemas advindos da ocorrência da Primeira Guerra Mundial.
No palacete da Avenida Paulista, ele morava com a mulher, Ana Claudina Diniz Junqueira, com quem era casado desde 1890. A esposa era filha mais nova do grande proprietário de terras no interior do Estado de São Paulo, Francisco Marcolino Diniz Junqueira. Sua propriedade tinha mais de 45 mil alqueires na região de Barretos. Ele já havia falecido quando Ana Claudina se casou com Azevedo Marques e, por isso, ela já havia recebido sua parte da herança, como conta Adélia Diniz Junqueira Bastos no livro Lendas e Tradições da Família Junqueira ¬ 1816¬1966.
Como muitos outros empresários da época, a família Azevedo Marques colecionava e era amante das artes na São Paulo efervescente do início do século XX. Em 1949, a família doou 130 obras para a Pinacoteca do Estado de São Paulo, muitas delas de artistas plásticos brasileiros, outras tantas, de artistas franceses. Todos esses quadros se encontravam em diversos cômodos da residência do casal na Avenida Paulista.
É interessante notar que alguns quadros retratam a residência da família, é sabido que Azevedo Marques tinha outras propriedades projetadas por Ramos de Azevedo, na própria avenida, nos números 146 e 148. Na foto abaixo as casas ainda em construção.
Um fato interessante é que o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), hoje em um prédio no Ibirapuera, iniciou as suas atividades em 1954 no endereço atual, no número 392, na mesma localização da casa de Azevedo Marques, com o nome de Instituto de Cardiologia do Estado, muito provavelmente na casa ou na construção posterior à de Azevedo Marques. Não sabemos.
No lugar da mansão, hoje está instalado o Edifício Nassib Mofarrej, que possui um total de 17 andares com escritórios a partir de 400 m² com e 2 elevadores sociais. Passados quase 30 anos, desde o término da sua construção, com padrão corporativo de ocupação, o edifício é sede de empresas de pequeno porte.
Seu investidor Nassib Mofarrej também construiu o Hotel Mofarrej Sheraton na Alameda Santos. Ambos os edifícios têm estilo pós-moderno, com arquitetura exterior semelhante, com vidro e pilares de concreto aparente destacados na fachada.
No térreo do edifício encontra-se o Boulevard Monti Mare , denominado por alguns como um shopping e, por outros, como Stand Center ou Comércio Xing Ling. O blog Mundi, indica:
Se quiser encontrar alguma coisa, qualquer coisa, talvez seja uma boa ir pesquisar com os amigos chineses – pode rolar alguns delays na comunicação, visto que todos falam chinês. Por lá se vende desde guarda-chuva e capinhas de celular até eletrônicos (computadores, tablets, câmeras) e canivetes. A maioria dos preços que vimos estão em conta, mas sempre vale a pena pesquisar!
O prédio tem duas curiosidades: uma estrutura com água ecarpas e, muita, muita reclamação de filas e longas esperas para conseguir entrar em um dos elevadores do edifício.
Hoje em dia temos trânsito até nos elevadores!!!!
Terminamos com uma frase de Ernesto Leme, escrita em 1944, publicada no texto Azevedo Marques: o homem, que vale como uma reflexão para todos nós.
“Não sendo meramente um repetidor, êle precisa de ser um crítico para ensinar a criticar com individualidade, com a filosofia, a moral, a lógica, a historia, o patriotismo e a arte”.
Alguém teria alguma informação adicional de Azevedo Marques? Até o próximo casarão e edifício.
Todo domingo aguardo ansiosa essa série. Amoooo
Débora, muito obrigada! São esses comentários que fazem com a gente continue esse trabalho muito bacana do site. O importante é compartilhar.
Fantastico!
Obrigada, Maria. Todos os domingos publicamos sobre um casarão da Avenida Paulista. Você pode acompanhar no menu SP Antigo&Moderno
Débora, muito obrigada! São esses comentários que fazem com a gente continue esse trabalho muito bacana do site. O importante é compartilhar.
Eu também, adoro! E vc Claudia Di Lazzaro ?
Muito!!!
Obrigada, Claudia Di Lazzaro e Débora, é muito bacana saber que tem pessoas que leem e gostam.
pena que não conheço ninguém da família Azevedo Marques
Ahummm
Agora já conhece. Sou Marisa de Azevedo Marques. E já morei no casarão do meu avô na av. Paulista
Joaquim Cândido de Azevedo Marques.
Ele foi presidente Desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça se São Paulo.
Tenho muito orgulho de pertencer a esta família.
Obrigada pel lembrança.
Primeira vez que leio o seu texto. Super esclarecedor. Muito obrigado. Vou ficar mais atentos aos proximos
Carlos Eduardo, muito obrigada por seu comentário. Se quiser ler, já foram publicados 39 histórias de casarões da Paulista, que você pode acessar no menu em São Paulo Antigo&Moderno. Todos os domingos tem uma história inédita. Grande abraço.